UM CANTO AO HUMANO AMOR

11 votos

 

Uma sensação de perda

Uma dor que arde na alma

Uma aflição e um lamento interior

Angustia que produz pensamentos de tristeza e desolação

Deserto sem oasis em meio a multidão

 

Por mais que seja previsível o fim

Não é normal quando um amor acaba

Não é normal não refletir

Não é normal não sentir

Não é normal fingir que não se sente

 

Mesmo quando a perda não envolve “o meu amor”

Toda perda de amor atinge “o nosso amor”

Todo amor faz parte do todo

Neste mundo marcado por perdas e danos

Causadas pelo meu e nosso humano desamor

Mesmo em meio a luz que reflete os raios de sol

De tantas lindas histórias de humano amor

 

A dor da ruptura do amor do outro

É também a minha e a nossa dor

Como não sentir que dói?

Como não doer?

Como entender um sentimento materno

Que motivado por uma sensação de proteção

Absorve alívio ante o fim de um grande amor?

 

O medo do risco de que “esse amor não vai dar certo”

Pode ser maior que a coragem ética de arriscar?

E o cotidiano que impõe rotina de grades psicosociais?

Que valores podem motivar o fim de um grande amor?

Seria pequeno o presumido “grande amor”?

Desejo de liberdade?  Que liberdade?

O fim de um amor liberta?

Qual libertação?

 

Que tipo de amor prende e sufoca?

E quando o desejo de experimentar um  "pseudo amor livre”

Impõe o fim de um grande amor?

Oh imprevisível mente humana

Que abdica de um grande amor

Por causa da eterna insatisfação que a consome!

 

Consome o amor que ontem parecia eterno

Que hoje virou inferno

Que amanhã poderá ser saudade

E possibilidade de recomeço

Parar para recomeçar…

Recomeçar do lugar que parou…

 

Mas fazer um caminho de volta para um grande amor

Significa juntar cacos e cacarecos

Na poeira do caminho…

Muitas vezes sozinho

Pode-se não recuperar no futuro

O grande amor que se deixou no passado…

 

Toda perda de amor é doída

Todo amor que acaba dói demais

Alegria e dor sempre vão rimar com amor

Alegria no começo

Dor no fim

Recomeçar?

 

A dor do fim nem sempre permite

Ver a “beleza e a riqueza que foi esse amor”

A raiva evolui para mágoa e decepção profundas

Ódio…Que não deixa abrir uma janela de possibilidades…

A luz do olhar de quem sofreu mais

Pode queimar o olhar do outro…

 

Oh amor humano

Tão encurralado pelas situações-limite

Dos intintos humanos!

Oh amor humano

Tão amesquinhado pelos valores efêmeros

Que não se fazem atos-limte de base infinita!

Oh amor humano

Tão possível quanto impossível

Na profusão do inédito viavel que haveria de ser!

 

Elias J. Silva – Poeta, Educador Popular e coordenador do Projeto Cirandas da Vida.