Refletir sobre o Preconceito

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Repentinamente, a maioria das pessoas ficou preocupada em discutir a homossexualidade! Fico pensando porque este assunto mobiliza tanto. A sexualidade não é essa coisa certinha que nossas neuroses de plantão gostariam que fosse. Muitas vezes é difícil identificar o CPF e o RG do desejo. 

 
Para alguns pessoas é extremamente pesado pensar nisso principalmente porque fomos ensinados por uma cultura falsa moralista a literalmente odiar tudo aquilo que seja "diferente" e "incontrolável". Bom, nossa surpresa ocorre quando descobrimos que os homossexuais não são monstros, que amam, odeiam, usam o banheiro, são tão amáveis e perversos quanto todo mundo. Assim, como aceitar o que a maioria de nós aprendeu a odiar? 
 
Isso nos leva ao segundo ponto. Muitas pessoas vivem tão preocupadas com o assunto que isso faz lembrar aquelas situações descritas pelo velho Freud como "Formação Reativa". Quando queremos obsessivamente nos afastar de algo, quando um assunto nos incomoda sobremaneira e, em situações limite, quando queremos destruir aquilo que nos perturba, talvez assim o façamos porque nosso objeto de ódio na verdade expressa e realiza desejos que no fundo são os nossos. 
 
Àqueles que possuem problemas com preconceito de qualquer tipo, um conselho. A melhor maneira de lidar com o preconceito é se aproximar do que  consolidamos uma certeza absoluta. Na verdade, todos aqueles que tenham crenças muito sólidas estão a um passo de serem preconceituosas. Desconfiem particularmente de tudo aquilo que aprendemos sem realmente termos tido oportunidade de escolha. No frigir dos ovos, uma análise mais criteriosa irá revelar que quase tudo o que somos é fruto das "certezas inabaláveis".
 
Em sendo isso verdadeiro, volta e meia precisamos parar para fazer uma verdadeira faxina mental, semelhante ao que pode acontecer com um quarto ou escritório em casa. Precisamos selecionar os tais "princípios" e ver o que precisa ser jogado fora ou o que vai para quartinho de despejo. 
 
Precisamos nos olhar no espelho e avaliar o quanto estamos sendo genuínos naquilo que fazemos. E talvez o mais difícil, precisamos desenvolver respeito por aqueles que a nossa volta façam esse movimento nos sinalizando suas necessidades de mudarem e ainda assim serem recebidos como amigos.
 
Agir dessa maneira não é nenhuma novidade. É algo perceptível na história humana desde que o mundo é mundo. Por exemplo, vejam essa máxima de Buda:
 
"Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o."
 
Assim, tenha coragem! Faça a você mesmo as perguntas novamente: "Por que não gosto de gays?". "Por que não ouço música de gêneros diferentes?". "Por que critico uma religião diferente da minha?"."Por que fico incomodado com a presença de pessoas negras?". "Por que as vezes me percebo grosseiro com pessoas pobres?". Você irá se surpreender se for absolutamente honesto consigo próprio pois as primeiras respostas não resistirão a uma análise mais criteriosa, principalmente se você for o crítico de si mesmo.