As dúvidas que tenho…

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As últimas semanas foram peculiares. Recebi vários presentes de pacientes que frequentam o ambulatório universitário da FURB: jogo de toalha, roupas de cama, saches perfumados, roupa. Para cada presente vinha o agradecimento pelo modo carinhoso como tratei as pessoas, por te-las ajudado a resolver seus problemas. Devo dizer que, apesar de me sentir feliz pelo carinho recebido, sinto-me constrangida ao receber presente de pacientes por te-los atendido bem, afinal, vejo isso como parte de minha responsabilidade como profissional.

Esses fatos fizeram-me questionar o seguinte: se atender bem, procurar ser resolutivo e responsável são obrigações, porque os pacientes ficam tão surpresos e agradecidos quando recebem isso de um profissional? Porque alguém que faz exatamente o deveria ser feito normalmente se destaca de tal forma que merece ser presenteado? Qual a qualidade do atendimento que vem sendo oferecido?

Aprendi com minhas amigas Patricia e Maristela a ampliar o olhar e buscar a raiz das coisas. Então penso que se os pacientes julgam-se mal atendidos, isso é um sintoma de algo maior, talvez processos de trabalhos penosos que não permitem aos trabalhadores sentirem o encantamento pelo que fazem. Ou falta de diálogo entre os sujeitos que fazem saúde, ficando cada um em seu nicho, apagando incêndios ao invés de sentarem todos juntos para previnir os problemas.

Vencer esses obstáculos não é tarefa das mais faceis. Requer um aprendizado que muitos não estão dispostos ou prontos a fazer, requer saber ouvir, acolher diferenças, mostrar fraquezas, pedir ajuda. Quantos de nós, profissionais da saúde, estamos dispostos a tal movimento?

Muitas perguntas começaram a girar em meus pensamentos. Compartilho algumas delas na rede na tentativa de que, através do debate saudável, eu possa encontrar algumas respostas (que me levem a outras perguntas, quem sabe). O importante, penso, é manter sempre uma certa inquietação diante dos fatos. Uma inquietação que nos movimenta, em busca de aprimoramento e realização.

 

Abraços

 

Tati Caetano