PROJETO: “SE ESSA RUA FOSSE MINHA”

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INTRODUÇÃO: Este se trata do Projeto de Intervenção/Final do Internato em Saúde Coletiva (do Departamento de Saúde Coletiva, Curso de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Natal, Rio Grande do Norte (RN), Brasil) do doutorando Antônio Paulino Neto, realizado como atividade final do referido estágio supervisionado realizado nos meses de dezembro de 2011 e janeiro de 2012, sob a orientação da tutora/professora Dra. Ana Tânia Sampaio e a preceptoria do Médico Dr. Milton da Costa Cirne e da Enfermeira Mônica Patrícia de Souza, além do apoio de toda a equipe da Estratégia da Saúde da Família (ESF), na Unidade de Saúde da Família (USF) Soledade I, do Município de Natal/RN, na Área “28”, microárea “2”. Teve como objetivo geral mobilizar de forma humanescente à população menos assistida pela USF, haja vista – principalmente – (1) uma distância física considerável entre a microárea em questão e a USF – cerca de 1,3 Km (15 minutos de caminhada para pessoas hígidas), e, (2) a ausência (“falta”) de médico na equipe da ESF que se responsabiliza/dá “cobertura” por essa área/microárea. Esse processo interativo dialógico entre a população e a equipe da ESF foi planejada e realizada especialmente sob a forma de prática educativa em saúde (Rodas de conversas) visando promover, proteger e até recuperar a saúde das pessoas da respectiva ‘rua’. Como objetivos específicos do projeto elencamos: (a) tornar a população ciente de seu ‘papel cidadão’ conscientizando-a, empoderando-a para tomada de decisão, tornando clara sua função ‘ativa’ em seu meio; (b) orientar sobre os hábitos de higiene corporal e bucal adequados e suas implicações, seus porquês; (c) sensibilizar quanto a utilização da água ‘potável’ de forma correta, bem como sobre questões atualmente pertinentes no local a saber: ‘dengue’, ‘esgoto’ à céu aberto e ‘lixo’ jogado em meio à rua, entre outros.
METODOLOGIA: Como forma de embasamento à elaboração do trabalho, foi realizado todo um processo de territorialização da microárea citada (área “28”, microárea “2”) de modo que se gerou como fruto desta um ‘mapa inteligente’; e, seguindo com o processo laboral, foi feito ainda um estudo de demanda e de classificação de risco familiar (utilizando a escala proposta por COELHO, Flávio Lúcio G. e SAVASSI, Leonardo C. M./2004 e as “fichas ‘A’” do Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB) de todas as famílias da área (um total de 178 famílias, classificadas em: R0, R1, R2 e R3; o total de 162, 12, 3 e 1 famílias – respectivamente); além de uma série de visitas domiciliares. Após essas fases fundamentais, pudemos perceber uma série de questões básicas não completamente satisfeitas e/ou satisfatórias. Foram listados e então discutidos junto a toda a equipe da USF os problemas encontrados, passando a termos em mãos o fruto principal desse período de ‘estágio’ na USF Soledade I – o projeto de “intervenção” junto à comunidade ‘batizado’: “SE ESSA RUA FOSSE MINHA”. Trata-se esse, sucintamente, da realização de forma itinerante (já que pode ser realizado em várias ‘ruas’, de várias ‘microáreas’, de várias ‘áreas’, de vários ‘municípios’, de vários ‘estados’, em consonância com uma programação prévia local) de uma Roda de Conversa entre os moradores da área/microárea. Roda esta a ser realizada em espaço físico cedido por algum dos moradores, ou seja, em algum espaço na própria residência de um deles; convocando todos os demais residentes em uma mesma ‘rua’ a comparecer, permitindo maior integração entre eles próprios, o que implica ainda mais a melhor percepção do empoderamento que é ponto fundamental a ser trabalhado, como propõe o próprio nome do projeto (Já que os leva a pensar: “– Se essa rua fosse minha? (…) Como assim? (…) Mas ela é realmente minha!”). Além disso, a Roda permite – sobretudo – que cada um se sinta ‘parte integrante’ e perceba sua importância no ‘todo’, já que nela se possibilita que cada um tenha vez e voz no apontamento e na discussão de seus próprios problemas. Em meio a tudo isso, deveremos então trabalhar todos os contextos e temas propostos a serem abordados, que devem obviamente ser organizados em um roteiro de execução de modo a nos permitir gerenciar o debate já que é essencial à Roda a presença de um moderador. Após o debate, deve se seguir às resoluções, aos encaminhamentos, às propostas de soluções e de enfrentamento dos problemas expostos pela comunidade. Sugerimos ainda a cessão de um ‘lanche’ ao fim das atividades como forma de integrar e ‘confraternizar’, ou mesmo – por que não?, como forma de parabenizar a todos presentes por terem sido parte importante nas mudanças listadas, tornando-os ainda mais cientes de seu vínculo ativo com a comunidade.
CONCLUSÃO: O projeto teve sua primeira execução no dia 25 de janeiro de 2012 às 9h, na Rua Santa Clara, no Bairro de Potengi, na residência de uma das moradoras da ‘rua’ e reuniu cerca de dezoito adultos (além das crianças e adolescentes que se fizeram presentes) incluindo nossa querida tutora/professora (Ana Tânia Sampaio), além de cerca de seis outros integrantes da equipe da USB Soledade I (dos quais temos então de destacar ao papel fundamental da Agente Comunitária de Saúde – ACS: Alba Virginia Lopes Mafra – que sempre esteve presente em todos os trabalhos realizados na microárea). A execução teve duração de cerca de duas horas, ao todo, e foi conduzida pelo doutorando responsável pelo projeto, seguindo como referência o roteiro de execução elaborado previamente (foto em anexo), tecendo comentários, intervindo e somando conhecimentos à Roda, sempre que necessário. Após seu término, enquanto interagíamos ainda com a população durante o usufruto do lanche servido, pudemos perceber que conseguimos atingir os objetivos do projeto de modo satisfatório, tanto em análise feita pelos próprios moradores, quanto à realizada por toda a equipe envolvida; tornando muito gratificante a atividade. Após tudo isso então, paramos para registrar em fotos esse momento ímpar e, sobretudo, trazemos conosco a esperança que seja este apenas o marco do início de um novo olhar, de um novo projeto, a ser seguido por muitos.
OBSERVAÇÕES:
1. Os números presentes nas residências exibidas nos mapas inteligentes (fruto da territorialização) não dizem respeito ao número real de endereçamento das residências, haja vista a manutenção do sigilo das informações de cada das famílias avaliadas. De mesmo modo, vale para o quadro da classificação de risco familiar, os números condizem tão somente à ordem de interpelação das fichas das famílias, mas não ao número de prontuário das mesmas.
2. Relatório completo e detalhado de todas as atividades desarrolhadas foi entregue aos responsáveis pelo ‘estágio’ como forma avaliativa.
3. Os autores desse pôster, não têm interesse algum em divulgar quaisquer das marcas aqui apresentadas, servindo estas apenas de ‘pontos de referência’ geográfica.