Repercussões da Terapia Comunitária no Processo de Trabalho na Estratégia Saúde da Família: um estudo representacional

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SOBREIRA. M. V. S. Repercussões da Terapia Comunitária no Processo de Trabalho
na Estratégia de Saúde da Família: um estudo representacional. 2009. 137 p. Dissertação
(Mestrado). Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Enfermagem, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
RESUMO
A Terapia Comunitária (TC) constitui-se em uma prática de efeito terapêutico, podendo ser
também considerada como uma tecnologia leve de cuidado de procedimento terapêutico
grupal, cuja finalidade é a promoção da saúde, a prevenção do adoecimento, desenvolvida
no âmbito da atenção primária em saúde mental. Neste estudo buscou-se apreender as
representações sociais dos profissionais de saúde que atuam com a Terapia Comunitária,
sobre a utilização desta na Estratégia Saúde da Família (ESF) do município de João
Pessoa. Trata-se de uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa, na perspectiva
moscoviciana da Teoria das Representações Sociais, realizado com sete profissionais da
ESF, terapeutas comunitários do Distrito Sanitário II. O material empírico foi produzido
através da realização de duas terapias temáticas no mês de abril de 2009, na qual foram
realizadas rodas de TC. Utilizou-se como técnica de análise o discurso do sujeito coletivo,
sendo os dados apresentados, através de gráficos, quadros, mapas, figuras e infográficos e
dispostos em três momentos: Sujeitos do estudo, caracterizando os participantes do estudo;
Representações Sociais do Terapeuta Comunitário, apresentando e discutindo as
representações sociais pelos terapeutas comunitários estudados sobre a TC; e Repercussões
da Terapia Comunitária na Estratégia de Saúde da Família, discutindo os significados
atribuídos pelos participantes da pesquisa sobre mudanças na ESF. Significados foram
atribuídos à TC pelos terapeutas estudados advindos das falas, músicas e desenhos
construídos, e que, apresentados através de esquema ilustrativo, demonstraram a relação
entre as representações: vida, escuta, fé/luz, mudança, transformação. A teia, símbolo da
TC, apareceu nas imagens construídas pelos representantes do estudo e representa a
formação de vínculos que permite a construção de redes de apoio social, que fortalecem a
convivência na comunidade. No estudo, revelaram-se pelos profissionais os significados
que possuem sobre as mudanças no processo de trabalho a partir da implantação da TC,
sendo evidenciados que a mudança deu-se no âmbito de uma postura mais acolhedora por
parte dos profissionais; a relação entre os membros das equipes não teve mudanças
significativas, explicadas pela pouca adesão dos membros das equipes à TC; na relação
frente ao usuário, o vínculo foi fortalecido, sendo esse fortalecimento associado ao papel
do terapeuta comunitário. Reconhece-se, dessa forma, o caráter transformador da TC na
construção de vínculos com os usuários, necessitando, todavia, que seja visualizada pela
equipe como oferta terapêutica do serviço e não do profissional terapeuta. Portanto, a TC
por ser um fenômeno novo nos serviços de saúde e na comunidade de pertencimento,
insere-se como uma novidade que repercute na construção de uma representação polêmica.
Mesmo assim, pode contribuir com a reorganização da rede de cuidados em saúde mental,
em consonância com o novo modelo de atenção à saúde mental defendido pela Reforma
Psiquiátrica.
Palavras-chave: Saúde Mental, Saúde da Família, Terapia, Enfermagem.