O Público e o Privado na Saúde:…

11 votos

Para compreendermos o uso de drogas dentro de uma modalidade de construção social da realidade devemos lembrar que as representações que passam o imaginário das pessoas a esse respeito variam muito, fatores como condições de vida e de saúde são importantes para todos, porque afetam o modo como as pessoas se comportam e sua capacidade de funcionarem como membros de uma comunidade. Muitas vezes os usuários de classes mais baixas são taxados de marginais e desviantes, enquanto usuários de classes altas são vistos como “usuários recreativos” de drogas. Importa, a partir disso, pensar em abordagens diferenciadas, que levem em consideração as realidades específicas de cada sujeito.

A realidade brasileira caracterizada por um contexto sócio-econômico no qual tem desenvolvimento econômico e políticas sociais precárias, proporciona uma situação tal que favorece o crescimento do consumo de drogas entre as parcelas mais pobres da população, uma vez que esta população são os mais afetado pelas falhas da escola e do mercado de trabalho.

Assim, é preciso haver uma abordagem ao usuário de drogas dos setores de risco que considere sua realidade de vida. Tanto para a classe baixa, quanto para as classes mais privilegiadas, cabe a oferta de uma abordagem que conceda ao usuário um espaço de decisão, de construção de sua história com responsabilidade pessoal e social. Os programas de redução de danos vêm anunciar este espaço de construção de subjetividade e responsabilidade  a partir da utilização da informação como recurso e do compartilhamento de orientações e códigos de conduta.

Neste sentido, o Conselho Federal de Psicologia (CFP), afirma que a idéia de “justiça terapêutica”, ao preconizar a naturalização de tratamentos compulsórios, entra em conflito com a tendência atual nas práticas de saúde no âmbito da dependência química, que definem que a vontade e o desejo de se tratar é fundamental para a eficácia do tratamento.

Esta constatação reforça a necessidade de uma retomada dos esforços no âmbito das ações de saúde no sentido de buscar novos entendimentos acerca da questão do uso de drogas e redução de danos.