Sensibilidade é a palavra para ampliar a Clínica

13 votos

Foi realizada hoje (12/04) pela manhã no Hospital Getúlio Vargas em Teresina-PI, a roda de conversa com profissionais de saúde e acompanhantes de pacientes da Clínica Nefrológica. O objetivo é implantar o processo da Clínica Ampliada nos serviços e ações de saúde. Na ocasião, foi discutido uma nova forma de fazer saúde com a participação da equipe e ampliar a escuta dos problemas e necessidades do paciente, baseada nas diretrizes da Política Nacional de Humanização.
A assistente social, Andréa Teixeira, que trabalha na Clínica Nefrológica narrou o episódio da paciente Juílza da Silva Nunes, 30 anos, portadora de Lupus mais Nefrite Lúpica e Asite, que ficou internada no HGV durante três meses em estado grave. A paciente insistia em ver os filhos menores de cinco anos e como todo hospital proíbe a entrada de crianças menores de 12 anos, a visita era quase impossível. Mas com o passar dos dias, a paciente ia definhando e o estado de saúde se agravando, foi removida para UTI várias vezes, e a assistente social sensível ao problema, solicitou à enfermagem que autorizasse a visita das crianças e o hospital se preparou para recebê-los. Além da mãe da paciente, uma criança de dois anos e meio, e mais duas menores de 10 anos.
Depois da visita, os dias que se seguiram, a equipe médica notou a súbita melhora da paciente. Andréa relata que a melhora era visível, a paciente tinha encontrado motivo e forças para superar a doença.
O esforço da equipe em acolher e escutar a opinião da assistente social, levou a estabilização da paciente e o seu retorno para casa. Juilza Nunes faz acompanhamento periódico na Clínica Nefrológica e hoje tem uma vida normal. “Cheguei a pensar que esse fosse seu último pedido, por isso tomei a decisão de acolher os filhos, explica Andrea Teixeira.
A principal discussão na roda de conversa foi refletir sobre a dinâmica de funcionamento da equipe, o psicólogo Werner Costa, explica que o mais importante para as práticas compartilhadas é assumir que todo saber possui limites e, por isso, o trabalho em equipe interdisciplinar é fundamental. “A Clínica Nefrológica ainda possui muitas dificuldades, principalmente na ambiência, mas temos tentado ajustar para melhor acolher o usuário”, ressalta Andréa.
A chefe do Serviço Social do HGV, Ildete Carvalho, explica que a prática da corrida de leitos deve ser repensada no HGV, com a introdução de outros profissionais. “Envolver vários profissionais, inclusive de outros serviços, amplia o diálogo e ajuda a reavaliar a situação e redefinir a mudança de uma situação”, acrescenta.
A Ouvidora, Luisa Barros, disse que aceitar as diferentes opiniões, inclusive profissionais de outros serviços ou de outros setores contribui para um melhor diagnóstico e tratamento do paciente.
Na ocasião, ficou definido que a equipe da Clínica Nefrológica irá se reunir e discutir uma proposta de Projeto Piloto para a clínica com práticas ampliadas e responsabilidades compartilhadas. Na próxima quinta-feira, às 10 horas, terá outra roda com a participação de mais pessoas.