Mudança no modelo de gestão é desafio para humanização do SUS

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A mudança no modelo de gestão é o principal desafio para a implantação da Política Nacional de Humanização (PNH) no Sistema Único de Saúde (SUS). A afirmação é do coordenador estadual de Humanização da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Luiz Guilherme Nascimento Martins, um dos responsáveis locais pela Oficina de Sensibilização HumanizaSUS, que começou nesta quinta-feira (07), na Escola de Governo do Pará (EGPA) e faz parte do Plano de Formação da PNH na Região Norte.
Segundo Guilherme, o SUS ainda está preso ao modelo de gestão vertical, autocrático em que as decisões vêm de cima para baixo. "O modelo pautado na humanização defende o exercício da gestão participativa, em que o planejamento das ações é feito em conjunto por gestores, trabalhadores e usuários". A PNH substitui o "obedece quem tem juízo" pelo "executa quem planeja", explicou Guilherme. Esse novo modelo também exige mudança de cultura e comportamento, portanto é um processo bastante lento.
Guilherme ressaltou que apesar da PNH ter apenas cinco anos de existência, a luta pela humanização é antiga e também é um reflexo das conquistas dos movimentos sociais, assim como o SUS.
Ele antecipou que, durante o Fórum Mundial, em janeiro, acontecerá, em Belém, a Mostra Interativa Nacional da Política de Humanização, onde poderão ser conhecidas as experiências exitosas do SUS em todo o Brasil. "Será uma oportunidade de ver um SUS que dá certo".
Com o tema "Sensibilizar para Cuidar", a oficina tem o objetivo de sensibilizar trabalhadores para compreensão da PNH como Política de Saúde Pública. Na oportunidade, também serão identificados e selecionados os profissionais que participarão da segunda etapa do Plano, que consiste na formação desses multiplicadores e apoiadores da PNH.
A oficina está sendo ministrada pelas consultoras do Ministério da Saúde, Esther Vilela e Cláudia Abbes e tem como participantes trabalhadores dos Hospitais Regionais, Hospitais Estaduais, Hospitais Universitários, Escola Técnica do SUS, Conselho Estadual de Saúde e de algumas Secretarias Municipais de Saúde.
De acordo com a consultora Esther Vilela, a proposta da PNH é alterar os modos de operar a saúde no País. É necessário haver uma indissociabilidade entre gestão e atenção, ou seja, entre gestores, trabalhadores e usuários. "É preciso romper barreiras que separam os poderes dos saberes", ressaltou.
Sobre a segunda etapa do Plano de Formação da PNH na Região Norte, Guilherme disse que devem participar cerca de 20 a 30 profissionais, que depois do curso serão responsáveis pelo acompanhamento da PNH em pontos estratégicos do Estado, tornando-se co-gestores da PNH no Pará.