A Caravana da Humanização: Tecendo a Rede da Saúde

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A Caravana da Humanização: Tecendo a Rede da Saúde

UP HumanizALEGRE

Dando conta da tarefa proposta de escrevermos sobre o trabalho em Rede, apresentamos uma reflexão da nossa vivência com a Caravana de Humanização, na qual experimentamos a Rede em movimento.

Ricardo Teixeira nos questiona: Nossas redes, em seu trabalho afetivo, têm promovido encontros potencializadores?

Acreditamos que estamos no caminho. Nesse percurso de pensar e agir em Rede criamos a nossa “Caravana da Humanização”. Essa proposta foi compartilhada com a UP SuspirAÇÃO que a acolheu e tornou-se parceira, promovendo a integração dos serviços de saúde da capital e região macrometropolitana.

Nessa viagem trocamos vivências e conhecemos alguns locais: Hospital de Pronto Socorro, Unidades Pediátricas do Hospital de Clinicas, Hospital Nossa Senhora da Conceição, Unidade Básica Assis Brasil e Pensão Nova Vida em Porto Alegre; Unidade de Saúde da Família BRAS e Centro de Atenção Psicossocial Capilé em São Leopoldo.

Os afetos e a energia que os encontros da Caravana provocam são ‘matéria prima’ para pensarmos e elaborarmos nosso processo de trabalho em saúde. O afeto nunca é descartado, é parte constitutiva de um complexo arranjo de ações que buscamos realizar promovendo saúde.

Esses encontros deram visibilidade para nossas práticas cotidianas de atenção e gestão, através de ações que visam o fortalecimento das redes sociais. Partimos do pressuposto de que é preciso re-conhecer o usuário, suas necessidades, dificuldades, angústias, medos, limitações, diferenças, para juntos alinhavarmos o inicio de um processo de cuidado. E isso se dá através da conversa, da interação e de um encontro entre dois ou mais corpos.

Por isso, entendemos REDE como algo vivo e em processualidade permanente, pois não seria coerente entendê-la como algo acabado, estanque. Rede é um dos dispositivos fundamentais na atenção em saúde. Para tanto precisa abarcar uma gama diferenciada de propostas, de ações e de instituições bem como de novas configurações no que diz respeito à produção em saúde. Isso é a Rede, uma multiplicidade conectada de agenciamentos heterogêneos como coloca Ricardo Teixeira.

A Rede deve privilegiar outra concepção do que seja saúde e doença. Haverá que levar em conta a singularidade de cada usuário e, conseqüentemente, haverá um tratamento específico para cada situação. Complexo, no entanto, possível.

A partir da necessidade individual elabora-se em conjunto (equipe de profissionais, usuário e familiares) as possibilidades de mover-se dentro da situação a fim de cuidar daquele que está mais vulnerável. Chamamos isso de agenciamento complexo de forças, isto é, são os serviços (instituições) com seus corpos técnicos, suas normas, seu tempo, suas capacidades físicas e afetivas em consonância com a demanda que se apresenta, sendo capaz de compor o atendimento, em uma perspectiva integral, ao usuário. Há como que um entrelaçamento de forças, priorizando justamente aquele que necessita de atenção. A Rede é feita por pessoas, seres singulares e especiais: humanos, potentes, criativos, afetivos e livres. Não há como tecer Redes sem levar em conta nossas diversidades.

Nosso propósito com a Caravana é promover o aquecimento da Rede, pela multiplicidade de conexões que provoca, reconhecendo as diferenças que nos singularizam, compartilhando e potencializando o SUS que dá certo.