HumanizaPAMPA

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UP Humanizapampa: produzir saúde para contagiar o SUS e a fronteira.
 
A História da rede
 
            Nossa rede de apoiadores inicia em 2007, com a inclusão de dez alunas/apoiadoras, oriundas de municípios da região da fronteira oeste e centro do Rio Grande do Sul, carinhosamente apelidadas de Penélopes, pela sua capacidade de tecer redes e por serem todas do gênero feminino. As Penélopes deram origem aos Pampeanos na segunda edição do Curso de Especialização em Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Agregaram-se á elas, ainda que em menor número, os homens da região fronteira oeste do RS e campanha, mais ao sul. Atualmente, somos doze apoiadores, oriundos de seis municípios, com inserção no SUS, desde a atenção básica, a ESF, os serviços especializados da rede de saúde mental, os hospitais, a gestão das coordenadorias de saúde, entre outros.
            Esta rede formou-se, fortemente com trabalhadores da área da saúde. Nesta edição de 2009 do Curso, em que pese a que grande maioria tenha formação nesta área, estes trabalhadores configuram as mais diversas formações e agregam ao sistema de saúde seus olhares diversificados, ultrapassando as fronteiras do campo da saúde, ampliando para a educação e assistência social.
            A Humanização do SUS na região de fronteira remonta a data de 2005onde formamos os Comitês Regionais de Humanização e, posteriormente instituímos Comitês Municipais. Antes deste advento tivemos a organização de GTHs em alguns hospitais, entre eles a Santa Casa de Caridade de Alegrete, o Hospital Ivan Goulart.
            A partir de 2006, a humanização passa por uma reestruturação conceitual e ganha nova orientação política, capaz de melhorar o acesso, o acolhimento e a qualidade dos serviços prestados no SUS. Neste sentido, a Política Nacional de Humanização (PNH) passa a compor a agenda prioritária de compromissos da gestão do Ministério da Saúde, cujas ações se articulam em três eixos centrais: o direito à saúde, trabalho criativo e valorizado e a produção e disseminação do conhecimento.
            Nestes eixos a PNH objetiva incrementar a oferta de processos de formação/educação/conhecimento sobre a política e se propõe à meta de “formar 140 multiplicadores em gestão compartilhada do cuidado e apoiadores institucionais para processos de mudanças” nas mais diferentes regiões e estados brasileiros.
            O Rio Grande do Sul, através da Tutora Simone Paulon, organiza uma UP composta de nove apoiadores. Estes desenvolvem intervenções nas instituições onde trabalham e articulam, com outras instâncias intersetoriais, entre elas o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento/PNUD, o Observatório de práticas de humanização da atenção e gestão do SUS.
            Em 2007, o Ministério da Saúde, através da PNH; a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através do Instituto de Psicologia; a Universidade Federal Fluminense e a UNIJUÍ, organizam a primeira edição do Curso de Especialização em Humanização da atenção e gestão do SUS e formam mais de 80 apoiadores insttucionais/multiplicadores, sendo que destes dez eram da região da fronteira oeste e centro.
            Em 2008, as instituições parceiras repicam o projeto, agora incluindo a Escola de Saúde Pública do Estado entre os gestores do Curso. Nesta edição amplia-se para mais de cem apoiadores/multiplicadores e propõe-se nova reestruturação regional. A fronteira e campanha passam a compor uma única unidade de produção de saúde (UP).
 
 
O desafio de superar as distâncias
 
            Nosso território geográfico cobre dezenove municípios (12 municípios que compõem a 10ª CRS e 07 municípios, de composição da 7ª CRS). São aproximadamente 64.471,9 Km² e 736.141 habitantes. Com uma densidade demográfica de 11,5 hab/km² ( fonte: COREDES/RS).
            Entre as principais dificuldades encontradas pelo cenário da saúde, apresentadas pelos apoiadores, estão: as distâncias entre os municípios, poucas ações em saúde da família, a gestão do sistema nos municípios, a desinformação e poucas iniciativas na formação e capacitação dos trabalhadores para o SUS, sobre a PNH e um forte conceito posicionado na humanização da saúde limitada ao bom homem.
            Nossa rede tem desencadeado ações nos mais diferentes espaços: Estamos apoiando a Irmandade da Santa Casa de Caridade de São Gabriel, o Sistema de Saúde Mental de Alegrete, o Grupo Reluvida de Bagé, a Secretaria Municipal de Saúde de Aceguá, a ESF de São Borja, o CAPS “Mentes Brilhante” de Itaqui e a gestão da 10ª Coordenadoria Regional de Saúde. Os apoiadores têm como formação profissional a psicologia, a enfermagem, a biofarmácia e a educação, licenciatura em ciências físicas e biológicas e em história.
            O apoio que temos ofertado encontra nas diretrizes de Acolhimento,Valorização do Trabalho e do Trabalhador, Co-gestão, Clínica Ampliada, Defesa dos direito dos Usuários, fomento das grupalidades, coletivos e redes e construção da memória do SUS que dá certo o incremento das orientações gerais para nossas intervenções.
            A aproximação da rede hospitalar à atenção básica, tem sido ocupação dos apoiadores e nesta direção, nossas intervenções têm alcançado a apoiar o Hospital da Santa Casa de Caridade de São Gabriel, em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde daquela localidade. Uma das redes a ser construída, através dos planos de intervenção de Simone Gobbi e Ana Amália Strohschon, pretende oferecer aos usuários atendimento resolutivo, acolhimento, encaminhamentos com referência ao sistema.
            A necessidade de se restabelecer as redes internas nos municípios fica clara nas intervenções de Franciele Mion e Rúbia Raquel Schneider. Ambas oriundas da Secretaria Municipal de São Borja, com trabalhos na Estratégia de Saúde da Família e no Centro de Atendimento Especializado, respectivamente, detectam a necessidade de organizar espaços de conversa com as diferentes estruturas da saúde, colocando os diferentes para analisarem os processos de trabalho.
            A construção de Grupos de Trabalho em Humanização que venham fortalecer-se como dispositivos potentes de transformar os espaços de saúde, aparecem nas intervenções de Francisco Carlos Quiroga, na 10 ª Coordenadoria Regional de Saúde da Secretaria Estadual da Saúde e de Raquel Ambrósio na Secretaria Municipal de Saúde em Aceguá. O objetivo é o de reforçar o vínculo entre as equipes e construir redes ressaltando principalmente o cuidado com o trabalhador e os direitos dos usuários.
            O processo de infiltração da PNH em um Grupo de Portadores de HIV, ONG Reluvida em Bagé, levou a escolha do dispositivo com ênfase na Garantia do Direito dos Usuários, por parte da apoiadora Adriana Oliveira. Tem proporcionado aos portadores demonstrações de solidariedade, visibilidade, expansão da rede de cuidados, co-responsabilização através de um olhar critico, distanciado sobre os serviços até então ofertados. Esta direção, também escolheu Láutia Boaz, que realiza intervenção junto ao CAPS de Itaqui, através de ações que potencializem o protagonismo de usuários e familiares.
            Resolutividade na atenção, transversalidade, indissociabilidade entre atenção e gestão, protagonismo, co-responsabilidade e autonomia dos sujeitos e dos coletivos, são alguns dos eixos do trabalho que Cira Lopes tem desenvolvido com os municípios da 10ª Coordenadoria Regional de Saúde. Juntamente com Izabel Pradel, Coordenadora Regional de Humanização/SES-RS, tem desenvolvido seminários, supervisões, rodas de conversa para criar laços entre os gestores, trabalhadores e usuários do SUS regional e local.
            Na rede de saúde mental de Alegrete, contamos com o apoio de Nádia Mileto na direção da mobilização para a organização de um colegiado gestor e de Tânia Roos organizando um debate com os colegas e instituindo ações de acolhimento e clínica ampliada para os usuários das Oficinas Terapêuticas, ambas no interior do CAPS II de Alegrete. Nesta mesma rede contamos com o apoio de Sandra Dorneles, junto ao Serviço Residencial Terapêutico, para desencadear acolhimento para com os moradores da residência.
            Neste emaranhado de novas conexões temos buscado enfrentar o mapa da exclusão e da falta de atenção e cuidado no SUS na fronteira. Reconhecemos que estes são alguns dos processos que tem colocado em questão o modelo de saúde em nossa região e, nosso eixo é o da implicação, contágio e novos jeitos de cuidar e gerenciar a saúde. Nossa meta é mostrar que o SUS dá certo, através de um percurso de aproximação e conversa, incluindo os sujeitos e coletivos.