Visita aberta no Gonzaguinha de Messejana e Hospital Geral César Cals em Fortaleza promove a humanização nas práticas de saúde.

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O Hospital Gonzaguinha de Messejana iniciou a visita aberta aos pacientes por meio de um projeto piloto em outubro de 2008. A partir de março deste ano, contando com o apoio das consultoras da PNH, Annatália Gomes e Lucyla Paes Landim, implementa este dispositivo que tem produzido benefícios para a comunidade.  
O hospital desenvolve a gestão participativa, com GTH atuante e rodas semanais com gestores e mensais com os trabalhadores e gestores para discussão de problemáticas comuns e aperfeiçoamento dos processos de trabalho, principalmente do dispositivo visita aberta no momento. As visitas começaram às 10 horas e vão até as 20 horas. Os desafios consistem em envolver todos os trabalhadores; melhorar a comunicação interna; lidar com os conflitos que surgem nas diversas unidades; lentidão dos processos; estrutura física precária; falta de articulação para liberar funcionários para as rodas; escassez de profissionais médicos. Entre os benefícios alcançados, o tempo de internação dos pacientes está sendo reduzido pela metade e a recuperação mais acelerada. Além disso, os visitantes trazem inúmeras informações sobre o paciente ajudando, muitas vezes, no diagnóstico médico.
Para Eusébio Rocha, diretor da unidade hospitalar, o objetivo ao abrir as portas do Gonzaguinha por maior espaço de tempo aos visitantes é quebrar a linha imaginária que existe entre hospital e comunidade. “Com a visita aberta reproduzimos o dia-a-dia do paciente durante a internação, garantindo o contato com seus amigos e familiares”, complementa. Outro instrumento da política de humanização do SUS adotado pelo Gonzaguinha é a emissão da certidão de nascimento para as crianças nascidas na unidade.
 “Minha neta nasceu nesta madrugada pra marcar essa boa notícia”. Esta era a comemoração da funcionária pública Roselena Pereira, que aprovou a iniciativa do hospital. Para ela, a ampliação do horário de visita permite um contato maior com os parentes internados e possibilita o acesso diário dos familiares ao hospital. Antes de terem acesso às enfermarias, os visitantes recebem orientações em relação à alimentação, higiene, dentre outras, dos profissionais do serviço social do Gonzaguinha.
O GTH juntamente com trabalhadores e gestores e as consultoras da PNH, decidiram pela criação de grupo de estudo sobre a PNH e o dispositivo visita aberta, avaliação do processo junto aos pacientes, familiares e trabalhadores visando fomentar ampla participação e colher sugestões, incentivando o protagonismo e a ação coletiva dos sujeitos.
Iniciativa semelhante está ocorrendo no Hospital Geral Dr. César Cals, inicializada em março deste ano, também com o apoio da PNH, por meio das consultoras Luciana Abreu Mesquita, Lucyla Paes Landim e Annatália Gomes. Ampla discussão foi realizada inicialmente através de cinco rodas com os trabalhadores e gestores que analisaram:compreensão sobre a visita aberta; situação atual da visita e do direito ao acompanhante no hospital;principais dificuldades/facilidades encontradas no espaço de trabalho para implementar a visita aberta; e estratégias para sua implementação.
A visita está em vigor desde o dia 16 de março de 2009, proporcionando mais tempo para que os familiares visitem os pacientes hospitalizados. Com a ampliação, o horário de visitas no HGCC ganha mais seis horas de duração, passando a ser das 11 às 19 horas.
Para Francisca Edileuza de Araújo, as visitas trouxeram do Rio Grande do Norte o carinho tão esperado da família. “Antes ficava difícil eles virem porque a viagem era longa e o tempo muito curto. Agora, pude ver minha família que veio de Vassouras e reencontrar minha filha, que não via desde 2004”, conta Francisca emocionada. Os pacientes têm aguardado o tratamento menos ansiosos, o que reflete diretamente na recuperação. É o que explica o diretor do HGCC, o médico Valdy Ferreira. “Temos visto a confirmação de que as visitas ajudam na cura do paciente, que se sente mais valorizado pela família, aumentando a sua auto-estima e reduzindo, inclusive otempo de internação”.
        As mães que estão à espera da hora do parto também tem sentido as vantagens dessa mudança. Com internações de cerca de três dias, antes elas só podiam ter visitas após o nascimento do bebê. “A vinda deles faz com que a gente esqueça um pouco da ansiedade de ver o rostinho do nosso filho”, revela a agricultora Maria das Graças de Lima, que ontem comemorava a chegada do pequenoIsrael. Cada visitante tem direito a 20 minutos com o paciente. Em cada enfermaria, podem ficar até seis pessoas. Nas unidades fechadas, como salas de parto, o acesso ocorre segundo orientação médica, enfermagem e serviço social, que verificam a possibilidade de visitas.

       Mas as melhorias não param na recuperação dos pacientes. A flexibilidade nos horários tem possibilitado uma visitação mais freqüente durante a semana, desafogando os fins de semana e diminuindo as filas de espera. “As pessoas que trabalhavam tinham dificuldade de vir durante a semana e muitas vezes os pacientes passavam até cinco dias sem notícias. Hoje, eles podem aproveitar intervalos, o que torna a rotina mais tranqüila. Melhora o fluxo, a segurança e as reclamações”,reforçaValdyFerreira.

Estes são alguns trechos de matéria publicada no jornal Diário do Nordeste, de 20 de abril, o qual destaca os resultados das experiências em andamento no Gonzaguinha de Messejana e no Hospital Geral César Cals, cujo link encontra-se abaixo: