OUTUBRO AZUL: o início do estímulo à participação masculina na atenção básica.

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INTRODUÇÃO

Este projeto de intervenção foi realizado pelos doutorandos do curso de medicina da UFRN: João Ernesto Petrillo Leão, Polyana Raposo Freire Caldas e Victor Emanuel Fernandes da Costa, ao final do estágio supervisionado de Saúde Coletiva na Unidade Básica de Saúde (UBS) Campo da Mangueira em Macaíba/RN e traz a temática da Política de Saúde do Homem como embasamento, diante observação da baixa adesão do público masculino às atividades da UBS.
As estatísticas sempre apontaram uma alta prevalência de morbimortalidade nos homens. Em relação às mulheres, estes morrem mais por todos os grupos de causas, em especial o das causas externas. Dessa forma, é fundamental a compreensão e comprometimento com a promoção da saúde do homem pelos profissionais de saúde. Propomos com essa intervenção, informar os homens sobre seus principais agravos e aproxima-los da atenção básica, não apenas com a demanda espontânea, mas também com objetivo de fazer uma busca pelo diagnóstico de possíveis condições ainda não detectadas. Promovemos também uma capacitação dos profissionais de saúde da unidade para lidar com os principais agravos e comportamentos de risco relacionados aos pacientes do sexo masculino, principalmente em relação à drogadição e alcoolismo, bastante comuns na comunidade.
O reconhecimento de que a população masculina acessa o sistema de saúde por meio da atenção especializada requer mecanismos de fortalecimento e qualificação da atenção primária, para que aatenção à saúde não se restrinja à recuperação, garantindo, sobretudo, a promoçãoda saúde e a prevenção a agravos evitáveis.
Vários estudos comparando homens e mulheres têm comprovado que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas, morrendo primeiro que as mulheres (Nardietall, 2007; Courtenay, 2007; IDB, 2006 Laurenti et all, 2005; Luck et all, 2000). O homem também, ao contrário da mulher, não procura o serviço de atenção básica, adentrando o sistema de saúde pelos níveis ambulatoriais e hospitalares, de média e alta complexidade, ou seja, quando o seu agravo se encontra mais acentuado e proporcionando maiores custos ao sistema (Figueiredo, 2005; Pinheiro etall, 2002).
Entre os principais motivos para a não adesão do homem a UBS estão os fatores sócio-culturais. O homem se considera imune e resistente aos diversos agravos, acreditando na tradição que ser homem é ser o sexo forte. Outra questão bastante apontada é a posição do homem de provedor, onde o horário de funcionamento dos serviços de saúde coincide com a carga horária do trabalho.
Durantes as setes semanas na UBS Campo da Mangueira observamos a ausência de consultas em homens, fato comprovado pelo Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) que apresentava 250 consultas mensais, sendo apenas 15 em homens adultos. Adicionado a isto, está o fato de várias residências apresentarem homens envolvidos em sérios problemas com álcool e drogas, ocasionando desemprego e desestruturação familiar, agravo não notificado pelos agentes comunitários e, portanto não recebendo a intervenção necessária.
Dessa forma, temos por objetivo geral informar e atrair o usuário do sexo masculino à UBS. Os objetivos específicos são capacitar a equipe sobre a temática, especialmente em relação a álcool e drogas; propor atividades de promoção à Saúde do Homem e melhorar os índices de adesão do homem à UBS.

METODOLOGIA

Foi realizada a Semana de Saúde do Homem, entre os dias 05/10 e 16/10 dividida em cinco momentos distintos. No primeiro dia, trouxemos um urologista para a unidade, onde foi realizada consulta preventiva e esclarecimentos de dúvidas em relação à sexualidade dos homens da comunidade e realização de vacinação contra Hepatite B  Tétano. Foram feitas 25 consultas, sedo 06 com exame de toque retal e todas com solicitação de PSA. Pela tarde, nós doutorandos realizamos uma roda de conversa na unidade informando sobre os principais agravos que acometem o homem: violência; doenças cardiovasculares; álcool e drogas; DSTs; e tumores. Ao mesmo tempo, houve triagem dos pacientes de risco com o médico da unidade, havendo 16 atendimentos.
Em outro dia, pela manha, foi feita a coleta de sangue dos nove pacientes triados, ocorrendo na própria unidade, evitando assim a dificuldade de marcação desses exames e de locomoção até o posto central, onde normalmente se realiza essa atividade. Foram feitos hemograma completo; classificação ABO-RH; perfil lipídico; perfil renal; enzimas hepáticas; VSH; VDRL; e teste rápido de HIV. Pela tarde, contamos com a presença de um médico psiquiatra para capacitar os agentes de saúde sobre a abordagem de pacientes usuários de álcool e drogas. Finalmente, no dia 16/10, fizemos a entrega dos exames solicitados, e as orientações gerais a cada paciente, de acordo com os resultados.

CONCLUSÃO

A partir das atividades acima realizadas, a equipe da UBSCampo da Mangueira tornou-se capacitada sobre o tema Saúde do Homem e atuará de forma cada vez mais efetiva em ações de promoção e educação com a população masculina, principalmente se tratando das questões de dependência química. A adesão do homem à unidade se iniciou a partir dessa intervenção, com 36 consultas, ou seja, mais do que o dobro do mensal, tendendo a aumentar ou se manter nessa faixa. Sobretudo, conseguimos despertar no homem a necessidade de se cuidar e procurar a atenção básica.