No final, um recomeço?

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"Vem que eu te ajudo.".

Cena 1. Essa semana, em grupo de educação em saúde para pais e filhos. Após uma discussão sobre o fenômeno da aprendizagem no processo de desenvolvimento dos filhos, a brincadeira apareceu como um importante espaço de participação dos pais. No momento em que brincávamos, profissionais, pais e filhos, uma das crianças fala para a outra a frase transcrita acima. A aprendizagem in loco…

Cena 2. Esta semana, nosso grupo mobilizou vários encontros, não apenas formais, para reflexão sobre a nossa prática ao mesmo tempo em que, subjetivamente, aprendemos (e nos fortalecemos) a trabalhar em equipe, a nos posicionar, a vivenciar a crítica, o diálogo, etc.

Para a psicologia que tenho me utilizado nos encontros e aproximações clínicas na minha atuação na Atenção Básica, um termo muito caro é o da mediação. A mediação, na aprendizagem, é o que faz com que o "o que você pode fazer" vire "o que nós podemos fazer?". E essa mudança envolve, "para onde queremos ir?".

Pensar o processo da Residência, a aprendizagem no trabalho, conversando com meus amigos-companheiros de trabalho e nestas vivências cotidianas com os usuários, me fez refletir sobre a mediação necessária e a intencionalidade coletiva que guiou esse processo.

A experiência de viver, de experimentar, de sentir, sem percalços ou cobranças de diretrizes ou "deveres" não exclui a importância da mediação como condição de aprendizagem e um direcionamento conquistado na negociação, no diálogo, na troca de experiências e crença no caminho e responsabilidade conjunta. Esse ano vivi(emos) muitos momentos de sofrimento, de isolamento, de felicidade, de certezas, de erros, de acertos, de tentativas. "O que salvou foi a equipe." Certeza indubitável que garantiu um dos poucos consensos da noite. Onde gostaríamos de chegar? Para onde vamos? 

Hoje aprendi que, além de esperar algo dos outros, os outros também esperam algo de mim. Que a mediação não se dá no espaço de abertura, na possibilidade do diálogo, no desejo do apoio, no potencial que não se expressa. É preciso mais. É preciso agir. Tomar a frente e dizer. E arriscar. E pedir. E apostar. E muito mais.

É o (tempo) que temos para hoje? Não. É até onde conseguimos ir partindo de hoje.