lançamento de trabalho importante na área de saúde mental na infância e adolescência

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 Este livro traduz o dever ético dos trabalhadores da rede de cuidados e de autores que se dedicam a pensar o tema da Saúde Mental de crianças e adolescentes. Rede que, com sua potencialidade formadora, não pode se furtar a transmitir um saber de experiência de sua função de cuidar, tratar e proteger cada criança , cada adolescente e suas famílias.

 

Traz ainda muitos impasses e dificuldades, mas também o possível de um fazer… de um fazer frente a um adolescente que, encarcerado nas trincheiras promovidas pelos  autismos, belisca os calcares do outro, como modo de laço social. Ou um fazer frente àquele que aprende a falar a partir da fala de um papagaio, posto que é voz passível de escuta para, em seguida, dizer ele mesmo – endereçando-se?  Ou ainda para dizer do não-saber-fazer frente ao adolescente que abusa das drogas, desprezando qualquer palavra ou ato que faça corte neste movimento perigoso e mortífero.

 

Os autores querem transmitir o estatuto do convívio possível com estas crianças e adolescentes, por vezes delirantes,  “desnorteadas”, que fazem de seu corpo um objeto dado a ver, embora recusem veementemente o olhar. Querem trazer interrogantes, questões que nos concernem, que dizem do sofrimento psíquico grave de crianças e adolescentes, de sua palavra, seu saber no vasto campo da política pública em Saúde Mental.

 

Nosso desejo é  fazer chegar aos diferentes interlocutores e agentes de cuidado, as respostas que crianças e adolescentes produzem frente ao mal-estar da cultura e aos fatos da estrutura psíquica: neuroses graves, psicoses, autismos. Mas sobretudo, queremos transmitir que  o cuidado e o tratamento é possível,  em uma rede de atenção, dispensando outras e novas instituições completas que, em nome da assistência, fariam uma exclusão “às avessas”:  “incluir, excluindo”.

 

Nas entrelinhas de cada escrito, acreditamos, vão se cunhar e se inscrever ideias, propostas, novos horizontes, debates, avanços na teoria, no cuidado, na proteção e no tratamento de crianças e adolescentes aprisionados pela loucura e pelo enlouquecimento, a partir destas interlocuções que se abrem, dos silêncios e das rasuras do texto.

                                             Tânia Ferreira e Valéria Lima Bontempo