RAIOS DE SOL-Atenção a pessoas portadoras de Albinismo: Uma questão de equidade integralidade no SUS

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Apresentação:

  Ação realizada pelos doutorandos Glauber Bessa, Heitor Maia, Júlia Serafim e Vanessa Brito durante o Internato em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) na Unidade Básica de Saúde de Riacho do Sangue, Macaíba (RN). O Projeto esteve sob coordenação de Ana Tânia Lopes Sampaio e preceptoria de Drª Olívia e Enfª Aline.

Introdução:
   O câncer de pele, segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e Sociedade Brasileira de Dermatologia, tem aumentado de forma alarmante nos últimos anos, e é atualmente o câncer de maior incidência no Brasil. Isso tem acontecido devido a exposição solar inadequada, aumento da incidência de radiação ultravioleta e diminuição da camada de ozônio. Indivíduos de pele mais clara, que trabalham ao ar livre, pessoas com história pessoal ou familiar de câncer de pele e indivíduos que não fazem fotoproteção são os mais propensos a apresentar essa morbidade. Tudo isso representa importante gasto nos cofres públicos tendo em vista que seu tratamento necessita atenção de Centro de Alta Complexidade.
   O albinismo, por determinar ausência da produção de melanina, pigmento com função de fotoproteção, torna essa população específica mais propensa aos danos da exposição solar. Os albinos estão sujeitos a apresentar lesões de pele por queimadura, o que representa um significativo aumento do risco de desenvolver câncer de pele. Por outro lado, essa população pode apresentar associado às alterações de pele, alterações oculares, relacionadas ou não à diminuição da pigmentação. Por esse motivo, além de fotoproteção, necessitam desde cedo de acompanhamento oftalmológico.
   Na microárea de Riacho do Sangue observam-se todos esses fatores, demonstrando assim a necessidade de intervenção precoce a fim de prevenir, detectar e referenciar para centros de atenção especializada quando necessário. Sua população albina, principalmente, desde cedo necessita dessa atenção completa que visa diminuir os estigmas que a exposição solar pode gerar nesses indivíduos.
   Diante todo o exposto, observamos a necessidade de orientar a população para tomar as medidas necessárias quanto a prevenção da exposição solar. Além disso, atingir principalmente a população albina que necessita de atenção especializada, objetivando cuidados preventivos e até diagnóstico precoce, além de atenção especializada.

Metodologia:
   A nossa intervenção aconteceu no dia 7 de maio de 2013 na UBS Riacho do Sangue e no dia 8 de maio no Centro de Oftalmologia (CEOF) em Natal.
   Ela foi dividida nas seguintes etapas: convite à população local e aos albinos; exposição dialogada sobre fotoproteção e detecção de lesões de pele com suspeita de malignidade; lanche; atendimento individual da população albina; atendimento oftalmológico da população albina.
   Os recursos utilizados no projeto foram: 120 amostras de protetor solar fator 30 fornecido por empresa de cosméticos para ser distribuídas aos usuários presentes; banner sobre prevenção de câncer de pele, feito pelos estudantes de Medicina da UFRN; um lanche oferecido após a apresentação oral com população; transporte para o deslocamento para atendimento especializado oftalmológico fornecido pela Secretaria de Saúde de Macaíba.

 

Resultados:
   No dia 07/05/2013 houve a exposição dialogada com todos presentes na UBS. Foram feitas todas as orientações sobre fotoproteção e detecção de lesões de pele suspeitas de malignidade. A população portadora de albinismo foi atendida individualmente, sendo realizados anamnese e exame físico detalhados, orientações quanto a sua condição de saúde e entrevista para coleta de informações sociais.


   Quanto aos dados coletados, observamos primeiramente preconceito, dificuldade de socialização e de inserção no mercado de trabalho. Além disso, todos apresentaram dificuldade de aprendizado, estando este problema relacionado aos distúrbios visuais: fotossensibilidade e baixa acuidade visual.


   Clinicamente, observamos que 100% dos albinos apresentavam queixas visuais, necessitando, portanto, de avaliação oftalmológica especializada periódica. Poucos, porém, tinham acesso a esse serviço. Além disso, em 42% dos pacientes albinos havia lesões suspeitas de malignidade, tendo dois destes pacientes apresentado histórico de lesões cancerígenas.


   Todos estes fatores representam maiores gastos públicos em benefícios financeiros, uma vez que embora o albinismo não seja uma condição incapacitante, pode levar a sérios distúrbios visuais e dermatológicos. Deve ainda ser levados em consideração o maior número de recursos necessários para tratar esses distúrbios, uma vez que já estejam em estágio avançado. Dessa forma, observamos a necessidade de campanhas direcionadas a esses pacientes, inclusive com fornecimento de protetor solar e óculos escuros, e principalmente atendimento especializado com dermatologia e oftalmologia. Esses esforços tem o objetivo de tornar a vida desses pacientes o mais próximo possível do restante da sociedade, o que está de acordo com o princípio de equidade do SUS.
  Dentro do nosso projeto, realizamos o encaminhamento de todos os pacientes para a consulta com o dermatologista e oftalmologista. Observamos, porém, que a fim de atender integralmente esses pacientes, são necessários também encaminhamentos para profissionais da área da psicologia e serviço social, devido ao grande número de dificuldades apresentadas por eles na vida diária. Sugerimos ainda a criação de um cartão de acompanhamento para cada albino, de maneira análoga aos cartões já existentes em programas como o Hiperdia, a fim de facilitar o acesso e realizar o controle do seu atendimento periódico com os com os profissionais especializados.

Conclusão:

  Apesar do caráter pontual do nosso projeto, podemos perceber que fizemos diferença na saúde da população local, pois atuamos nos três níveis de atenção à saúde: promoção, prevenção e recuperação.profissionais especializados.

Agradecimentos:
   Agradecemos às nossa preceptoras Olívia e Aline Lyra, à nossa tutora e coordenadora do estágio Ana Tânia Sampaio, à toda equipe da UBS Riacho do Sangue e à Secretaria Municipal de Saúde de Macaíba/RN.