Comer não é pecado

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Por Fabiano Fagundes

Comer não é pecado. Definitivamente, comer não é pecado. E nem faz mal a saúde. O que faz mal, e isso nossas avós já diziam, é comer demais. E olha que, no meu caso, isso era dito há anos, muito antes dos modismos atuais que ditam formas esqueléticas para mulheres e barriga tanquinho para os homens. Lembro-me da dona Doraci, minha avó paterna, marcando sua opinião,lá pelos anos 1980, com um de seus ditados: “– Come demais seu pateta, amanhã se põe de dieta”.

E o que mais o guloso quer? Dinheiro, poder, status? Não, pois aí estaríamos falando de outros pecados, como a ganância e a vaidade. O guloso não quer “pra fora”, ele quer “pra dentro”. Ele quer algo que possa ser ingerido, engolido, deglutido, absorvido; algo que passe a ser seu sendo parte de seu corpo, de seu ser. Ele quer mais comida, sim, mas também quer, busca, precisa, anseia, por tudo que complete aquele vazio impaciente que parece ser maior do que ele mesmo.

Homer Simpson (personagem criado por  Matt Groening)

Mas se a gula é um pecado tão, digamos, pessoal e se o maior mal que a gula faz é ao próprio “pecador”, por que tanta importância lhe foi dado ao ponto de torná-la um dos pecados capitais? Scliar (2005) nos aponta as razões históricas para tal: “A ascensão do cristianismo, na Europa, coincidiu com um período de pobreza e fome. A vida era curta, brutal, desalentadora; a única coisa que sustentava os seres humanos era a esperança de uma recompensa no Céu. Em contrapartida, havia o Inferno para punir os pecados. Quais os pecados? Uma lista foi elaborada, e ali estava a gula. Por uma razão facilmente compreensível: embuchar-se de comida em meio aos famintos era, no mínimo, um ultraje”.

Vale lembrar que muitos obesos assim o são por muitos motivos além de um constante ataque desenfreado aos pratos. Aspectos fisiológicos podem estar relacionados ao aumento de peso que foge ao controle.  Entretanto, quando existem elementos psicológicos que levam o obeso a alimentar-se sem controle, tem-se aí aquela situação anteriormente descrita em que a gula se apresenta como patologia ou como expressão sintomática de algo mais profundo.

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