Texto “Humanizando(se)”

12 votos

Bom dia a todos/as!

Falar sobre humanização nos remete à reflexão e à ação. Refletindo sobre isso o texto um dia em 2003 foi construído. Compartilho agora com vocês.

Abraços

Liduina

 

HUMANIZANDO (SE)

Saúde é um direito de todos!
Direito à vida!
Vida que é vivida buscando resgatar
a dignidade humana
que os serviços de saúde
tantas vezes esquecem de valorizar
distribuindo condutas
acreditando que isso basta
para prevenir e curar!
Somos também profissionais
e lidamos com outros humanos
que buscam o nosso apoio
para as suas mazelas sarar!
Somos humanos
mas, humanos tantas vezes, não somos
quando o usuário dos nossos serviços
deseja tão somente, atenção enquanto pessoa
pois não é a doença que nos procura
e sim a pessoa que doente está.
Mesmo sendo humanos
com sentimentos e emoções
e corações a pulsar
escondemos num canto qualquer
a nossa sensibilidade
para ações desumanizantes
todos os dias espalhar.
Insistimos em colocar
num canto qualquer das nossas desculpas
que é sempre o outro que errado está.
Repetimos conforme as nossas indiferenças
que não precisamos sentir
apenas executar
que não precisamos dialogar
apenas reprovar e determinar.
Contudo, há em nós
um grito de insatisfação
um desejo de ir buscar
a sensível “humana” diferença
que nos faz vibrar de emoção
ao ver o outro satisfeito
com a nossa real atenção.
Se não estamos sozinhos
teçamos juntos o nosso caminho
ao encontro do outro
que nos chama!
O compromisso ético
é a porta de entrada.
É preciso querer humanizar (se)!
É preciso sentir!
É preciso escutar!
É preciso respeitar!
É preciso interagir!
É preciso acolher!
Para sentir é preciso
otimizar o calor do afeto
que só o coração pode expressar.
Para escutar é preciso
colocar-se no lugar do outro
disponibilizando-se por inteiro
sem deixar de ser você.
Para respeitar é preciso
considerar você e o outro
como cidadãos de direitos
com diferentes necessidades
e formas de expressão.
Para interagir é preciso
partilhar, trocar
aprender e ensinar
construindo juntos novos caminhos a trilhar.
Para acolher é preciso sentir
escutar, respeitar e interagir
com qualidade e resultados
aliando competência técnica
e recursos tecnológicos
à capacidade de se relacionar
enxergando o outro por inteiro
com seus desejos, valores e crenças
e aprendendo a conviver com as diferenças.
E todos nós, eternos aprendizes que somos
com possibilidades infinitas de mudanças
acreditemos que é possível resgatar
o valor da dignidade humana
para mais humanos podermos ficar.
Ao nos sensibilizarmos
com a necessidade de transformar
a assistência que temos
a cada dia iremos vivenciar
um novo tempo na atenção à saúde
onde usuários e profissionais
instituições e comunidade
humanizando (se) continuamente
serão eticamente mais responsáveis uns pelos outros
e co-participantes da construção compartilhada
da saúde de todos.

Liduina Felipe M. Fernandes, Assistente Social do Hospital Regional Tarcísio Maia e da UPA Dr. Tarcíso V. Maia. Mossoró-RN. Texto escrito em abril/2003.