O Monopólio da Comunicação

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Este tipo de monopólio, de oligopólio ou hegemonia trabalha para eliminar a si próprio ao alterar o contexto em que se desenvolve. É como uma nuvem de gafanhotos que aumenta geometricamente sua população ao chegar até uma plantação. Para depois ver seu número de saciados gafanhotos individuais definhar na mesma velocidade em que prosperou.

Talvez seja o início do fim, mesmo.

Mas a Globo, para o bem e para o mal é parte de nossas vidas. Lembro o dia em que meu pai chegou em casa com uma TV de 29 polegadas nos ombros.

Em 1976 eu faria 6 anos de idade. Pela TV, e pela rede Globo que era o único canal disponível, eu comecei a ver um mundo para além dos livros e das radio novelas, para além dos causos que meu pai contava e seguiu contando, sobre sua infância. Mula-sem-cabeça, lobisomem e outros, deram lugar ao "Sitio do Pica-pau Amarelo", as novelas e aos filmes da seção da tarde. Tinha os trapalhões, o Jornal Nacional, os desenhos animados e mais tarde em 1980, a série Cosmos, de Carl Sagan.

Muita coisa boa, muita coisa ruim. Mas, este novo mundo em que meu filho está crescendo é diferente do meu. E dramaticamente diferente daquele em que ele mesmo será um adulto e talvez tenha filhos. Uma nova era é um tempo de balanços, de medir as coisas e significar porque foi necessário ter vivido.

O Facebook é uma empresa privada. Nele estamos produzindo mais mensagens do que nossa capacidade de leitura, mesmo se somarmos a população global da terra, que é de mais de sete bilhões de humanos.

Quem será o destinatário deste processo de comunicação coletivo? Qual inteligência será capaz de ler esse emaranhado de redes?

Mais importante ainda: Quando essa inteligência souber ler nossas mensagens, o que ela pensará de nós? Uma pista talvez seja o que pensamos dos humanos que pintaram cavernas entre 10 mil e 50 mil anos atrás.

Estou sinceramente empenhado em acolher o novo. Não apenas por que sou um intrépido aventureiro. Sinto-me como nossos parentes que viram a paisagem mudar repentinamente na África central.

Acostumados a viver no alto das árvores, eles se viram na savana. Tiveram que se erguer sobre as patas traseiras para conhecer o novo nicho ecológico em que foram lançados, antecipar os perigos e liberar as patas dianteiras para conhecer a revolução do polegar opositor.

Quando encontraram a reposta para sobreviver em um mundo novo, já não eram mais símios. Eram humanos. Então, sim, este pode ser o início do fim para nós.

Mas não para aqueles para os quais estamos a edificar um mundo novo…