Um mundo sem trabalhadores da saúde e sem sindicatos

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Um mundo sem sindicatos e sem trabalhadores da saúde.
Em 182O, na Inglaterra – a maior potência econômica e militar da época, o sistema de produção capitalista já havia substituído o feudalismo. Porém, aquele era um mundo sombrio em que os trabalhadores ainda não haviam se organizado.

Não existiam sindicatos nem representantes dos trabalhadores.

Não existiam sistemas de saúde pública e os cuidados aos doentes eram prestados por médicos, apenas para quem podia pagar, e por religiosos e prostitutas em asilos – verdadeiras masmorras, para indigentes, mendigos e ladrões.

Um exército de esfarrapados camponeses expulsos de suas terras comunais para elas passarem a ser usadas como campos de pastagem para ovelhas que forneceriam lã as fábricas de tecidos.

Em nome do lucro, milhares de pessoas foram atiradas num mundo de busca pelo lucro desenfreado, tendo que vender sua força de trabalho em troca de um salário de fome. Uma reportagem da revista The Lion relatou a forma como os trabalhadores eram tratados nas minas de carvão:

Em Lowdham os meninos e as meninas, todos com cerca de 10 anos, eram chicoteados dia e noite, não apenas pela menor falta, mas também para desestimular seu comportamento preguiçoso. Na fábrica de Litton, as crianças disputavam com os porcos a lavagem que era jogada na lama para os bichos comerem; eram chutadas, socadas e abusadas sexualmente; o patrão delas, um tal de Ellice Needham, tinha o horrível hábito de beliscar as orelhas dos pequenos até que suas unhas se encontrassem através da carne (…) As crianças viviam quase nuas durante o gélido inverno (…) por puro e gratuito sadismo de seus patrões. (…) Nesses locais, homens e mulheres trabalhavam juntos, despidos da cintura para cima e muitas vezes reduzidos a um lamentável estado subumano de pura exaustão. Os mais selvagens e brutos costumes estavam presentes ali; os apetites sexuais despertados por um olhar eram satisfeitos ali mesmo naquele ambiente horrível; crianças de sete a dez anos, que jamais viam a luz do dia nos meses de inverno, eram usadas e abusadas, recebendo dos mineiros um mísero pagamento para carregar tinas com carvão; mulheres grávidas puxavam carroças de carvão, como se fossem cavalos e davam a luz nas trevas das galerias das minas.

Texto de meu blog pessoal, publicado em 30 de Dezembro de 2007.