ATUAÇÃO DO CAMPO DA PSICOLOGIA NO CONTEXTO DA SAÚDE PÚBLICA – DESAFIOS E PERSPECTIVAS

12 votos

      A Psicologia, enquanto profissão, no Brasil, tem uma história muito recente. Em 1956, foi implantado o primeiro curso de formação de Psicólogo e, desde a sua regulamentação como profissão, tem conquistado e ampliado o seu espaço na Saúde Pública. Foi assim, com o advento da Reforma Psiquiátrica, que o papel fundamental do campo da Psicologia tornou-se visível e preciso na sociedade, sendo a Saúde Pública atualmente, uma área que emprega muitos profissionais de Psicologia. Contudo, acredito que a ação da própria prática psicológica deva contemplar de forma mais eficaz e transparente os seus usuários. O Psicólogo necessita atuar de forma condizente com a proposta do macro sistema SUS, a fim de atender com fidedignidade as suas especificidades.

      É preciso calcar o trabalho psicológico em métodos coerentes às teorias empiricamente favoráveis a sua realização e sair do isolamento, do método centrado exclusivamente no modelo de clínica tradicional, que muitas vezes, não oferecem ferramentas teóricas, técnicas e críticas condizentes e positivas para o trabalho no SUS, afinal, uma das dificuldades primeiras encontradas nesta demanda da Saúde Pública é o trabalho com famílias e grupos, participação, envolvimento e assiduidade.

      Vejo que torna-se cada vez mais imprescindível, que os profissionais da Psicologia desenvolvam práticas inovadoras e inventivas nesse campo de atuação. Assim Bleger (1992) já afirmava que “(…) a função do psicólogo não deve ser basicamente a terapia e sim a saúde pública” (p. 20).

      Com isso, é necessário repensar o modelo de fazer Psicologia e expandir as suas práticas e formas de atuação, a fim de que a intervenção aconteça de forma mais adequada e contextualizada, revigorada por desafios e possibilidades enquanto fomento psicológico de atuação profissional na Saúde Pública, pensando as questões de saúde com um novo olhar sobre o conceito de saúde e doença, considerando e partindo sempre da premissa dos aspectos sociais e culturais do indivíduo assistido.

      Entre inúmeras demandas é imprescindível valorizar a transdiciplinaridade, ou seja, a atuação de equipes multiprofissionais, onde quer que ocorra oferta de trabalho voltado à saúde. Por isso, a atuação do Psicólogo não pode reduzir-se à clínica tradicional, centrada no indivíduo, com tratamentos demorados, que não consideram o contexto sociocultural em que o paciente vive. “A Psicologia não pode jamais restringir-se e voltar-se apenas para atendimentos individuais em consultórios particulares, onde os tratamentos são prolongados e de alto custo, atendendo somente as classes mais favorecidas. Isso implica na padronização de seus instrumentos, métodos e técnicas, linguagem e valores em geral” (Silva, 1992).

      Por fim, considero de suma importância a efetivação do trabalho da Psicologia na Saúde Pública por meio da produção de vínculo nas relações, permitindo como continuidade a intervenção direta na relação e a experiência com o coletivo, já que o SUS foi idealizados para todos, sem distinção!

 

 

Referencial Bibliográfico

 

Bleger, J. (1992). Psico-higiene e psicologia institucional. Porto Alegre: Artes Médicas.

Silva, R. C. (1992). A formação em psicologia para o trabalho em saúde pública. In F. C. B. Campos. Psicologia e saúde: repensando práticas . São Paulo: Hucitec.