Vulnerabilidade, saúde e ambiente

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De acordo com a produção do Painel 4: Vulnerabilidade, Saúde e Ambiente  contida nos Anais do Primeiro Seminário da Política Nacional de Promoção à Saúde é possível pensar vulnerabilidade a partir de duas matrizes analíticas relativamente diferentes: uma vinda da sociologia contemplando o viés da individualidade e outra originada na Geografia, que é a vulnerabilidade referente a condições ambientais de áreas. Portanto, existem duas formas distintas de conceber o problema da vulnerabilidade: uma que refere-se a indivíduos, famílias, e outra, a áreas.
O conceito de vulnerabilidade faz uma mediação importante com o campo da saúde, pois permite a contextualização de diferentes formas de significar risco para o território e para a população. Acaba por vincular-se a idéia de que saúde é algo difícil de definir e, ao mesmo tempo, é um bem, um valor, uma potencialidade de realização de círculos virtuosos de vida que possuem diferentes dimensões.
Os grupos populacionais mais vulneráveis estão expostos a múltiplas situações de risco. Nos grupos urbanos não pode-se separar tais problemas da baixa renda, da baixa escolaridade, da falta de lazer ou falta de crédito; são múltiplos fatores.
A partir dos conceitos acima evidenciados e também textos trabalhados e discutidos durante as aulas de Psicologia da saúde, ministradas pelo professor Douglas Casarotto é que torna-se possível pensar na questão da vulnerabilidade social como algo que acaba por predizer fatos e acontecimentos da vida dos sujeitos, pois a vulnerabilidade social está diretamente relacionada ao tema da concentração de poder e riqueza dentro da sociedade, habilitando ou desabilitando os sujeitos a serem ou poderem ter…
Desta forma pensa-se logo em Promoção de Saúde, entretanto, esta acaba esbarrando-se diante do contexto de privações que os sujeitos enfrentam (devido a sua situação de intensa vulnerabilidade social). Tais privações acabam configurando-se em grandes dispositivos que impedem as pessoas de viverem de forma mais humanizada. Refiro-me neste momento não a uma idealização de vida “perfeita” para as pessoas, mas o mínimo de dignidade para que possam desenvolver-se contemplando seus ciclos.
Em meio a tantas dificuldades sociais, penso que a Promoção de Saúde deve buscar por lógicas que perpassem um desenvolvimento local, devem estar associadas a um modelo de desenvolvimento global, que permitam reverter o presente quadro, pensando em uma nova lógica para os espaços urbanos e rurais, mediante a adoção de novos modelos de desenvolvimento (algo bem complexo, mas possível…)
Atualmente habitamos e vivemos em um espaço multidimensional, onde cada agente ou grupo de agentes está situado em função de suas posições e trajetórias, atuando através das diferentes espécies de poder que possuam, como por exemplo: o capital econômico, o capital social, o capital cultural e o capital simbólico.
Assim sendo, sinto-me e percebo também diante das teias de relações as quais transcorro que somos todos atores sociais, os quais movem-se no campo social a partir das posições que ocupam. Pode-se pensar em tais movimentos como os frutos de nossas co produções, as quais nos produzem diariamente, a cada momento, a cada segundo… Como uma verdadeira Paidéia, sempre em movimento…

Aline Dantas.

Santa Maria, Outubro, 2013.