“Gravidez na Adolescência: uma abordagem dos pais aos filhos”

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Introdução

    Esta intervenção foi realizada durante o Internato de Saúde Coletiva do Curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN, desenvolvida pelos doutorandos Fernanda Dionísio Freire, Rômulo Jerônimo Souza da Silva e Teolinda Judite Gomes Frederico, do 9º período, realizada na Unidade Básica de Saúde (UBS) De Golandim I, em São Gonçalo do Amarante – Grande Natal/Rio Grande do Norte (RN), coordenado pela profª Dra Ana Tania Lopes Sampaio, sob a tutoria da Profª Vyna Maria Cruz Leite, preceptoria do médico Ígor Leonardo Cardoso de Souza e da Enfermeira Maria Katiane Lopes. 

    O internato de Saúde Coletiva é composto por sete semanas de atividades em UBS, no qual, os alunos concluintes do curso de Medicina, podem se inserir na rede de serviços do SUS, permitindo, deste modo, uma compreensão da dimensão coletiva do processo saúde-doença, em todas as suas dimensões, de forma a desenvolver a capacidade de reflexão crítica e as habilidades necessárias para atuar nessa perspectiva de cuidado integral à saúde dos cidadãos.

       Para eleger o tema da Intervenção em Saúde, fizemos uma roda de conversa, a qual teve a participação de todos os integrantes da equipe da UBS, além dos representantes sociais. Uma vez que a intervenção seria voltada à comunidade de Golandim I, decidimos ouvir, de cada um, quais os problemas mais pertinentes da localidade e no final foi realizada a votação para eleger o principal problema, que foi “Gravidez na Adolescência”.

   Objetivos
• Conscientizar os adolescentes sobre as consequências de uma gravidez não planejada na adolescência, bem como sobre o risco de transmissão de DST’s;
• Fazer com que os pais reflitam sobre o seu papel na educação sexual para com o filho, bem como de sua responsabilidade, caso um filho, ainda na adolescência, venha a se deparar com uma gravidez não planejada;
• Permitir o acesso das mulheres, homens e casais, através do planejamento familiar, às informações sobre os métodos anticonceptivos e a técnica de utilização dos mesmos, além de prevenir a gravidez indesejada e os abortamentos.

Metodologia

Uma vez que o tema sobre gravidez precoce é muito amplo, fizemos a nossa intervenção em quatro etapas:

1ª etapa:
Educação sexual na escola

Fizemos a intervenção abordando os alunosadol.jpg do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola do bairro, uma vez que estes se encontram na faixa etária de risco (14 a 17 anos) e seria pouco viável fazer uma intervenção abordando todas as turmas, devido à grande quantidade de alunos. Inicialmente, expusemos um vídeo, no qual foram apresentadas fotos ilustrativas de algumas DST’s, enfatizando a importância do uso do preservativo. Em seguida, foram abordadas as principais DST’s e seu contexto na nossa realidade, levando em consideração o conceito, a forma de contágio, prevenção e outras curiosidades a respeito de cada enfermidade. Fizemos uma abordagem dinâmica com questões contendo situações que são muito frequentes no dia-a-dia dos adolescentes e que muitas vezes deixam dúvidas.Fizemos também uma dinâmica sobre o uso correto do preservativo e sobre o aborto.

2ª etapa:
Exposição dialogada com as gestantes

  Uma gravidez vem sempre acompanhada degravidas.jpg medo, felicidade, dúvidas e anseios, e quando se trata da primeira gravidez, tudo isso vem em dobro. Deste modo, convidamos  todas as gestantes que fazem o pré-natal na UBS de Golandim I a participarem da roda de conversa, onde foram abordados os temas sobre mudança no corpo durante a gestação, aleitamento materno e o parto. Das 06 gestantes que participaram, 04 eram primigestas, sendo as idades variando de 14 a 26 anos. Muitas dúvidas surgiram, mas também, muitas  experiências foram compartilhadas.

3ª etapa:
Roda de conversa com os pais

 Fizemos intervenção com pais de adolescentes, compais.jpg breve apresentação sobre alterações corporais e comportamentais que ocorrem na adolescência e, no final, fizemos uma dinâmica com exposição de diversas situações hipotéticas, perguntando-lhes quais seriam suas atitudes diante àquelas situações.

 

4ª etapa:
Projeto de Implantação do Planejamento  Familiar na Unidade

 Elaboramos um projeto, no qual, propomos aubs.jpg realizaçãode reuniões semanais com os usuários, por microárea, previamente selecionados pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), juntamente com os usuários agendados para o atendimento naquele dia. Em cada reunião, com duração média de 30 minutos, serão discutidos temas pontuais de Planejamento Familiar, na presença do médico, equipe de enfermagem, assistente social, psicólogo, ACS e demais profissionais. Também propomos a elaboração do “Livro de Controle de Planejamento Familiar”, contendo os seguintes dados: Nome do usuário; Idade; Estado Civil; Nº de Gestações; Escolaridade; Tipo de Método Contraceptivo em uso; Quantidade/data da Consulta de Planejamento Familiar. Fizemos uma reunião com a equipe, onde expusemos a nossa proposta, com a finalidade de avaliar a possibilidade da inserção do planejamento familiar na UBS de Golandim I e discutir  outras propostas, a fim de promover melhoria na atenção ao usuário.

Conclusão

        Na adolescência, o relacionamento com os pais é bastante abalado pelo questionamento que o adolescente faz em relação aos valores, estilo de vida, fé, ideologia etc. No entanto, não podemos ignorar a ideia de que a família é o primeiro modelo, é o referencial para que o adolescente possa enfrentar o mundo e as experiências que ainda estão por vir. Deste modo, há necessidade de diálogo entre pais e filhos para que estes não busquem informações erradas ou incompletas com amigos ou parceiros que também não detêm conhecimento suficiente. É  fundamental que haja uma adequada educação sexual, por meio da qual o adolescente tenha a possibilidade de aprender a cuidar não só de sua saúde reprodutiva e da do seu parceiro(a), como também tenha abertura para falar de dúvidas, medos, desejos, emoções.
O que fizemos nas intervenções não foi só passar informações, mas também, trocar experiências. Ver a satisfação de cada participante no final das rodas de conversa foi muito gratificante e, apesar de terem sido intervenções pontuais, pudemos constatar que fizemos alguma diferença.

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