A RODA GIROU NO I FÓRUM DE HUMANIZAÇÃO DO HPM – MACAÉ/RJ

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Realizou-se em 28 de novembro de 2013, no Município de Macaé, Rio de Janeiro, o I Fórum de Humanização do Hospital Público Municipal de Macaé (HPM), com o tema Discussão e sensibilização sobre a Política Nacional de Humanização, suas diretrizes e dispositivos. O evento foi iniciativa da Comissão de Apoio Institucional para Humanização do HPM, com apoio e promoção da Direção do HPM e da Prefeitura de Macaé.

O Fórum contou com a presença de várias autoridades: Dr. Michel Haddad, Subsecretário de Saúde de Macaé/RJ; Dr. Newton José – Diretor Presidente da Fundação Municipal Hospitalar de Macaé/RJ; Dr. Flávio Vouzella de Andrade – Diretor Superintendente da Fundação Municipal Hospitalar de Macaé/RJ e Sra. Maria Célia Ximenes – Diretora Administrativa do Hospital Público Municipal de Macaé/RJ.

A convite da Comissão de Apoio Institucional para a Humanização do HPM, esteve presente o consultor da PNH Miguel Angelo Barbosa Maia que durante o período da manhã abriu a roda de debates com a conversa sobre a PNH, suas diretrizes e dispositivos e, à tarde, discorreu sobre a Diretriz do Acolhimento conforme entendida pela PNH e sobre seus dispositivos de implantação, entre eles, a Classificação de Riscos.

Foi um potente encontro entre profissionais do HPM, reunindo também profissionais da Atenção Básica e da Saúde Mental do município de Macaé, além de também contar com a participação de alguns profissionais do município vizinho de Campos de Goytacazes.

Pela manhã, o consultor da PNH Miguel Maia reforçou os princípios do SUS (universalidade, acesso e equidade), lembrando que, embora instituídos na forma da Lei, são em realidade princípios/desafios que exigem a participação social para se concretizar como política pública.

Afirmou a PNH como caixa de ferramentas teórico/práticas e metodologias de ação que vieram responder aos desafios propostos pelos princípios do SUS, como forma de reencantar o movimento SUSista, o que não se faz, conforme enfatizou, sem tomar as experiências concretas e os trabalhadores concretos que atuam na produção de saúde e fomentando a formação de redes quentes, numa construção coletiva de real transformação dos modelos de gestão e de atenção em saúde.

Equivocou o entendimento da humanização como pautado sobre atitudes caridosas e religiosas do bom humano, de um humano ideal, afirmando de forma contundente a PNH como política que se quer tornar realmente pública, reacendendo o SUS com a potência instituinte que lhe deu origem, a partir da década de 70, com a reforma sanitária e a luta da sociedade brasileira contra todo autoritarismo e conservadorismo nas instituições de saúde.

 

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À tarde, o consultor Miguel Maia realinhou o Acolhimento como importante diretriz para as mudanças na atenção e na gestão em saúde, tendo em vista os princípios constituintes do SUS. Enfatizou o Acolhimento como diretriz clínica, no sentido de não ser entendido como um a mais que se faz nos processos de saúde, como atitude fraterna e humanitária, mas sim como metodologia inerente às técnicas do cuidado, sem a qual a clínica se fragmenta e degrada.
 

Enfatizou o Acolhimento, com a inclusão de todos os envolvidos no processo de saúde, gestores, trabalhadores e usuários, como a diretriz mais básica da PNH, como um dispositivo constante de análise da gestão e da atenção, a fim de que as práticas não se cristalizem em mera aplicação de prescrições, normas e protocolos. Enfatizando que o cuidado em saúde nunca pode ser somente procedimental, relegando as tecnologias relacionais a segundo plano.

Termina lembrando que devemos sempre estar atentos para a diretriz do Acolhimento, utilizando-a para questionar constantemente como as práticas estão se dando e que efeitos estão produzindo no dia a dia de trabalho. Enfatiza que sem acolhimento não é minimamente possível atingir nenhum dos princípios da PNH (transversalidade, indissociabilidade entre gestão e atenção, entre clínica e política e aumento do protagonismo, na cogestão).

Fez analogia entre a brincadeira do dominó e os princípios e diretrizes da PNH, lembrando que o Acolhimento, por ser talvez o mais básico, quando se arrefece, leva junto consigo, em carreira, todos os outros. Por fim, propõe como princípio da PNH, como se apresenta, mas não se coloca entre os outros de forma explícita, a indissociabilidade entre processos de trabalho e processos de subjetivação, pois é isto que está na base da cogestão.

A reafirmação da PNH enquanto política que se quer pública, atrelada aos princípios/desafios do SUS, suscitou uma boa reflexão, abrindo o diálogo no sentido de aquecer as práticas na direção do SUS que dá certo.

A compreensão da relevância da efetuação de redes, tanto internas quanto externas, esteve presente nas falas, bem como a importância da aproximação entre a PNH e a formação dos profissionais de saúde.

A presença da atenção básica e da saúde mental, junto às discussões dos desafios do HPM, favoreceu uma abertura da conversa, com promessa de continuidade e aproximação dali por diante, tentando desemaranhar os nós que fazem com que a rede não funcione a contento para nenhuma das áreas. Enfim, pode-se afirmar que a roda girou em Macaé.

No final, o consultor Miguel Maia reafirmou sua fala de abertura, da importância do Fórum como espaço de construção coletiva, desejando que seja apenas o primeiro de muitos outros futuros e elogiou a iniciativa da Comissão de Apoio Institucional para a implantação da Humanização no HPM, felicitando a Direção do HPM e a Prefeitura de Macaé pela promoção desta importante ação na direção do SUS que dá certo.

Ofertou apoio da PNH para levar adiante os indicativos de movimento construídos naquele espaço, desde que devidamente contratualizados e com engajamento de todos os protagonistas no processo. Estimulando ainda que o mesmo movimento de conversa ali começado se estenda para os municípios vizinhos, Campos de Goytacazes e Rio das Ostras, como princípio de construção de redes quentes a partir do entorno.