PROJETO ANTI-TABAGISMO (ESF – SOLEDADE I)

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PROJETO ANTI-TABAGISMO (ESF – SOLEDADE I)
Médicas: Dra. Caroline Lima Venancio / Dra. Emanuela Simone Menezes

1. INTRODUÇÃO / JUSTIFICATIVA:
O tabagismo tornou-se uma das preocupações mundiais, considerado como uma doença epidêmica em função da dependência de nicotina e classificado como transtorno mental e comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas pela Classificação Internacional de Doenças – Décima Revisão (CID 10). (BRASIL, 2004).
Devido a sua toxidade, o total de mortes no mundo, decorrentes do tabagismo, é  atualmente, cerca de cinco milhões ao ano. No Brasil, são estimadas cerca de 200 mil  mortes/ano em conseqüência do tabagismo (BRASIL, 2004).
A partir desta realidade, o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer  organizaram o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). Esse Programa tem como objetivo reduzir a prevalência de fumantes, e a conseqüente  morbimortalidade por doenças tabaco relacionadas. O Programa utiliza as seguintes  estratégias: prevenção da iniciação ao tabagismo, proteção da população contra a  exposição ambiental à fumaça de tabaco, promoção e apoio à cessação de fumar e  regulação dos produtos de tabaco através de ações educativas e de mobilização de  políticas e iniciativas legislativas e econômicas. (BRASIL, 2004).
O Programa conta com um processo de descentralização e parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, seguindo a lógica do Sistema Único de Saúde (SUS). As Secretarias Estaduais de Saúde possuem uma Coordenação do Programa de Controle do Tabagismo, descentralizando as ações para seus respectivos municípios.
As ações para promover a cessação do tabagismo que integram o PNCT, têm  como objetivo motivar fumantes a deixarem de fumar e aumentar o acesso dos mesmos  aos métodos eficazes para tratamento da dependência da nicotina.
Para alcançar esse objetivo, o Programa tem envolvido a articulação de diferentes tipos de ações como: capacitação de profissionais de saúde e financiamento de ações  voltadas para a abordagem e tratamento do fumante na rede do Sistema Único de Saúde  (SUS). Em função da crescente demanda por tratamento e da impossibilidade de  atendimento desta demanda, o Ministério da Saúde ampliou a abordagem e tratamento  do tabagismo para a atenção básica e média complexidade.
O Plano para Implantação da Abordagem e Tratamento do Tabagismo no SUS,  aprovado pela Portaria SAS/MS 442/04 foi dividido nos seguintes tópicos: rede de atenção ao tabagista; capacitação; credenciamento; referência e contra-referência; medicamentos e materiais de apoio e avaliação (BRASIL, 2004).
Segundo a Política Nacional de Saúde para a Atenção Integral aos usuários de álcool e outras drogas (BRASIL, 2003), a dependência de drogas revela a heterogeneidade dos usuários, afetando as pessoas de diferentes maneiras e em diferentes contextos. Diante deste fato, faz-se necessário um reconhecimento do usuário em sua singularidade, suas características e demandas, exigindo a busca de novas estratégias de vínculo e tratamento.
Portanto, a partir do trabalho que está sendo desenvolvido nos grupos psicoterapêuticos para o tratamento do tabagismo, possibilita aos usuários terem acesso ao tratamento de interrupção do tabagismo, proporcionando-lhes uma melhor qualidade de vida.
MÉTODO
Trata-se de um atendimento psicoterapêutico grupal aos usuários com maior dificuldade para mudança de seu padrão de consumo do tabaco ou para atingir a abstinência. Os grupos são abertos, heterogêneos (sexo e idade) e a freqüência dos atendimentos é quinzenal. Os atendimentos são realizados na Igreja Jesus para todos (Soledade I). A coordenação dos grupos terapêuticos é realizada por dois coordenadores (médicas da UBS). Cada grupo (média de 15 usuários) é conduzido durante 5 encontros, sendo  que no 3º encontro introduz-se a medicação conforme o perfil de cada paciente. No momento, estão sendo disponibilizados: bupropiona, goma de marcas e adesivos nicotínicos.
Os critérios de exclusão nos grupos psicoterapêuticos são: falta nos encontros.
A equipe recebeu a capacitação para o tratamento do tabagismo pelo médico da Secretaria Municipal de Saúde de Natal, Dr. Milton Cirne, e Dra. Sheyla.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizamos, considerando que no tratamento do tabagismo, é fundamental a criação de um espaço, onde o sujeito poderá pensar e criar novas possibilidades de vínculo, novas possibilidades de expressão e questionar as relações intersubjetivas que estabelece com o mundo.
Considera-se também, que o tabagismo é um modo de subjetivação na atualidade que privilegia o silenciamento do sujeito e a ruminação de idéias (BIRMAN, 2001).
Formas de subjetivação que encontram no ato de fumar uma saída para suas angústias e solidão. Esses sujeitos iniciam o tratamento, considerando-se “culpados”, “errados”, “desviantes”, sem perceber que a oferta da droga foi construída pelo laço social e pela divulgação na mídia de imagens idealizadas de indivíduo – fume e seja feliz.
Portanto, o tratamento deverá levar em conta as condições sociais que favorecem esse fenômeno, desconstruindo a concepção individualizante e por conseqüência, culpabilizante do usuário.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Plano de Implantação da Abordagem e Tratamento do Tabagismo na Rede SUS. Brasília, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas. Brasília, 2003.