Sintese do texto “Paidéia e Gestão: Indicações Metodológicas sobre o Apoio”

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     "Paidéia" é uma palavra de origem grega que juntamente com outras duas palavras, "Cidadania" e "Ágora", representavam a essência da democracia de Atenas. "Paidéia, nesse sentido, seria a necessidade de se educar pessoas ampliando sua capacidade de participação social, de ter direito a ocupar um lugar na "Ágora" (modo de exercer o poder compartilhado entre dirigentes e cidadãos). O Apoio Paidéia, representa, dessa forma, uma postura metodológica que busca reformular os tradicionais mecanismos de gestão, sem para isso necessite suprimi-los. Opõe-se à tendência tão comum no saber gerencial de se polarizar as ações: de um lado, os que exercem a função de comando, de outro, os executores das tarefas. Parte, portanto, do pressuposto de que as funções de gestão podem ser exercidas entre sujeitos, ainda que com distintos graus de saber e poder. Uma vez que todo trabalho possui uma tríplice finalidade e produz efeitos em três sentidos diferentes (produção de bens e serviços, reprodução ampliada da organização e produção social e subjetiva dos trabalhadores e usuários), o Apoio Paidéia busca compatibilizar as três, não esquecendo, portanto, os modos de ser e proceder de trabalhadores e de usuários das organizações, aspecto tão negligenciado pela gestão tradicional. Reúne, então, recursos metodológicos para lidar com as relações entre sujeitos, utilizando um modo interativo, que reconhece a diferenças de papéis, de poder e de conhecimento, mas que nem por isso deixa de estabelecer relações construtivas entre os distintos atores sociais. A certa altura do texto, o autor pergunta: o que é o Efeito Paidéia? E observamos que é tudo o que leva sujeitos a não serem simples marionetes, simples peças que obedecem e sequer questionam a "engrenagem maior". No Efeito Paidéia, há uma busca de informações (e de interpretação das mesmas), porque importa se compreender, compreender os outros, compreender o contexto ao qual estão inseridos e consequentemente agir sobre o contexto. As práticas sociais, a política e a gestão de coletivos organizados seriam as três formas básicas desse agir. O Método Paidéia aplica-se a política de movimento, ou seja, modos de fazer política em que há uma "construção de consensos negociados", resultando em um maior benefício à sociedade. Dessa forma, descarta-se uma situação em que movimentos, facções, partidos, etc, uma vez atingido um ápice, eliminaria por completo as demais partes perdedoras (guerra de posição, segundo Gramsci). Na política de movimento busca-se a composição de interesses e projetos, culminando em um contrato social, onde todos teriam participação, inclusive os segmentos e classes menos favorecidas. Ao contrário da política, onde muitas vezes há situações onde as partes se confrontam, em um jogo de "este ou aquele", na gestão e no trabalho é sempre mais adequado buscar-se estratégias de movimento, onde se possibilita a expressão de conflitos, para que, a partir daí, se possa obter uma construção de contratos e de compromissos entre os distintos atores. Cada sujeito, cada coletivo, pode se valer de três linhas de força para construir novas instituições, necessidade sociais e pessoas. Tais linhas seriam o poder, o conhecimento e o afeto. O Método Paidéia age no sentido de pensar, reformar e agir considerando essas três dimensões e ainda tem como finalidade proporcionar o desenvolvimento dos integrantes de uma comunidade ou agrupamento segundo essas três perspectivas, ou seja, sabermos lidar com afetos, saberes e com o poder. O apoiador Paidéia tem como função tentar ampliar a capacidade da pessoas de lidarem com o poder, afetos e conhecimento, dentro de uma perspectiva dinâmica, envolvidas em uma ação. Como exemplos de lugares institucionais que podem exercer esse apoio, temos o lugar do poder institucional, assumidos por dirigentes, auditores, diretores, ou mesmo, em um outro extremo, o lugar ocupado pelos membros de equipes ou comunidades, que ao participar de espaços de co-gestão ou mesmo no cotidiano, podem funcionar como apoiadores Paidéia. O texto finaliza apresentando os recursos metodológicos ùteis à função de apoio, tais como as rodas de conversa, onde se pode construir projetos de intervenção; trazer para o trabalho de coordenação, planejamento, supervisão e avaliação a já citada tríplice finalidade das organizações (produção de bens e serviços, reprodução ampliada da organização e produção social e subjetiva dos trabalhadores e usuários), e aqui vem um ponto primordial da função de apoio Paidéia, que é o de valorizar trabalhadores e militantes de um movimento (que eles sejam não somente os meios para se conseguir um resultado, mas um fim para todo e qualquer empreendimento humano; Trabalhar com uma metodologia dialética que traga Ofertas externas e que ao mesmo tempo valorize as Demandas do grupo; fazer e pensar com as pessoas e não em lugar delas; apoiar o grupo tanto para construir Objetos de investimento, quanto para compor compromissos e contratos com outros; ampliar os espaços onde se aplica o Método; autorizar os grupos a exercer uma crítica generosa e a desejar mudanças e por fim, autorizar-se a ser agente direto e não somente apoiador de equipes.