“temos uma grande dívida com os desassitidos, e eles tem pressa!”

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Inspirada nesta frase de David Capistrano Filho, me mexo para escrever na Rede.

Nos últimos dias tem chegado perto de mim histórias de pessoas com demandas bastante delicadas para o SUS acolher.Uma delas mexeu especialmente comigo.

Esta é a história do Sol*.

Ele é uma criança de 8 anos de idade, que mora no interior do Acre. Ele sofreu uma cirurgia quando era muito pequeno, e por um erro durante a cirurgia, ele ficou sem os reflexos de controle para fazer xixi e cocô.

Bom, depois dessa cirurgia tudo mudou. O Sol precisou passar a usar fraldas todos os dias, fazendo uso de 3-4 fraldas por dia, e a previsão que os médicos deram é de um uso até o fim da sua vida.

Além de afetar profundamente sua vida dali por diante, alterando a natureza das coisas, ele faz parte de uma família muito pouco favorecida financeiramente. O que torna a situação que já é bastante delicada, em algo que demanda um acesso a bens de consumo que nem sempre a família tem disponível.

Eles passam fome. Muitas vezes não conseguem comprar as fraldas, e contam com doações das pessoas.

Sol hoje não consegue distinguir quando já fez xixi, ou coco, pois o cheiro é algo que ele já se acostumou.

Bem, este é um retrato superficial de toda uma situação cheia de sutilezas.

Para além dos infortúnios da vida deles, e que cada um de nós temos as nossas, fico pensando em como o SUS pode chegar mais perto destas pessoas, garantir acesso à bens de consumo de cuidado que nem sempre a família tem acessibilidade, e mesmo construir um cuidado a longo prazo atento e contínuo.

Penso que este é o desafio dos que tem uma área de abrangência para construir cuidado. Para aqueles que compõem equipes, e que conhecem alguns caminhos para superar questões e ultrapassar as barreiras já impostas no cotidiano de fazer saúde. E também para os gestores comprometidos em construir caminhos e articulações na efetivação do acesso, da atenção de qualidade, e proteção social.

Penso que cabe um papel na divulgação e acesso aos direitos que como cidadãos possuímos. Este também é um caminho de apoiar aqueles que querem construir, e de tensionar aqueles que desconhecem, ou não estão atentos a estas demandas de mudanças no SUS que tanto precisamos.

Não precisamos ir tão longe para conhecer histórias assim. Elas estão mais perto do que imaginamos.

Fica o convite para reflexão, movimentos, e alimento de esperança no desejo de tempos melhores para os desassistidos!

Há abraços!

Jimeny.