Na Semana Nacional de Humanização do SUS, roda de conversa atraiu acadêmicos do CEULP/ULBRA e profissionais da área da saúde

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Por Walquerley Ribeiro – Acadêmico de Jornalismo do CEULP/ULBRA

Profissionais da saúde e militâncias estimulam a mobilização critica da sociedade para o fortalecimento da Saúde Pública no Brasil

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Foto: Michel Rodrigues

Durante a programação da Semana Nacional de Humanização do SUS, 07 a 11 de abril, a Universidade Luterana do Brasil, Campus da cidade de Palmas-TO (CEULP/ULBRA), através do Coletivo (En)Cena, promoveu na manhã desta segunda, 07, diálogo com profissionais da área de humanização da saúde e acadêmicos dos cursos de psicologia e outros ligados a área da saúde. A roda de conversa debateu o tema – Comunicação e Humanização em Saúde: O papel das mídias digitais como dispositivos de humanização do SUS.

Os acadêmicos participaram ativamente da roda de conversa indagando e provocando os relatos de militâncias indígenas, gestores públicos e trabalhadores do SUS no Tocantins. Os palestrantes criticaram os modos como o SUS é retratado pelos grandes veículos de comunicação, que não promovem o conhecimento e a autonomia da população, e compartilharam suas experiências práticas no dia a dia do trabalho.  Na visão de alguns profissionais, a luta por uma saúde humanizada depende de boas parcerias e principalmente da conscientização – de que a saúde é direito de todos – por parte da sociedade.

Mesmo com as dificuldades de acesso de internet na Região Norte do Brasil, os palestrantes insistiram com a participação da sociedade através até mesmo das mídias sociais. As novas mídias de comunicação, podem compor, com as demais estratégias de participação e aproximação dos gestores, trabalhadores e usuários das políticas de saúde pública, atraindo parcerias cidadãs para a melhoria dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

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De acordo com a palestrante, Marússia Medrado, psicóloga da Secretaria de Saúde do Estado do Tocantins, as novas tecnologias de comunicação, modificaram o pensamento das pessoas, e no decorrer desse sistema outras mídias serão pensadas. “É preciso buscar parcerias, principalmente da sociedade com sua participação social, com o direito a voz, sendo eles os responsáveis pelo avanço e de fazerem acontecer na prática com as políticas públicas de saúde”, explicando ainda que, a sociedade faz uso das novas mídias sociais apenas como críticos. “Temos muitos críticos e poucos autores protagonistas, faltam pessoas para formarem os conselhos locais de saúde, poucos querem se envolver, a população não ocupa seu espaço de direito na rede de saúde, a cultura de ativismo político no Brasil ainda é muito discriminada, essa consciência precisa ser desenvolvida na sociedade”.

O assunto saúde em contexto indígena, foi um dos principais focos durante a roda de conversa. A palestrante, representando uma comunidade indígena Karajá,  Narubia Werreria, criticou as produções jornalísticas da grande mídia, por não relatar a realidade que vive os povos indígenas na atualidade e de negar o direito de “fala” da população indígena. “Nós, jovens indígenas, usamos de mídias sociais – facebook e twitter, para alertar a sociedade e dizer que, no passado nos matavam com armas, hoje morremos pela invisibilidade. Também existimos, e precisamos dos mesmos serviços de saúde que os não indígenas precisam”, desabafa e compara a situação de revolta dos povos indígenas com as grandes manifestações ocorridas no Brasil em junho do ano de 2013. “Essas manifestações, vieram da vontade dessas pessoas de usarem as mídias sociais e transformarem a humanização. A grande mídia, distorceu a verdadeira realidade daquelas manifestações, assim acontece com os povos indígenas, ainda discriminados pelos grandes grupos da imprensa no Brasil.” Desabafa

O Tocantins conta com sete (07) comunidades indígenas  em seu território. De acordo com a palestrante, Jaqueline Calafate, psicóloga da Secretária Especial de Saúde Indígena, Distrito Sanitário Especial Indígena Tocantins, o conceito de saúde mental em contexto indígena, ainda passa por fase embrionária de definição e de estratégias de atendimento. “Cada uma dessas aldeias requer um cuidado especial, não podemos generalizar, são demandas especificas”, explica citando como exemplo a questão do surto de suicídios na ilha do bananal. “O modo operante de usar o suicídio para resolver esses conflitos, não são muito diferente dos não indígenas, talvez eles não tenham outras perspectivas que nós temos. Vamos ao psicólogo, aos shoppings, casamos e (des)casamos, frequentamos bons restaurantes e boa alimentação, viajamos, mudamos de emprego, de cidade… Tudo isso, é limitado para os indígenas”. Explica

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Foto: Michel Rodrigues

Segundo Jaqueline Calafate, casos básicos de saúde pública ainda afetam a população indígena. “Vacinação e prevenção, mortalidade por uma simples diarréia, esses casos são realidade e com altos índices de mortalidade infantil, podendo até ser comparados a países africanos”, a psicóloga lamenta ainda a falta de conhecimento de alguns profissionais de instituições ligadas a saúde e que negam do dever de cuidar do indígena. “Em um certo posto de saúde, aconteceu casos em que fomos notificados para não mais encaminhamento de indígenas devido a lotação da unidade, como se o índio não fosse munícipe, sendo apenas na hora de votar”. Relata

O coordenador do curso de psicologia do CEULP/ULBRA, César Gustavo, usou de simples exemplos cotidianos, com a tentativa de abrangência e importância do SUS. “Usar shampoo, pasta de dente, ir ao restaurante, tudo isso faz parte da grande rede do SUS. Esse sistema encontra-se no nosso cotidiano de vida, somos um dos únicos países que temos uma saúde pública, os governos não podem ser os principais atores do SUS, são apenas um elemento desse sistema.” Finaliza

O Evento contou ainda com a participação do professor e coordenador do Curso de Odontologia do CEULP/ULBRA, Ralf Simch; e das representantes da Política nacional de Humanização da Secretaria de Estado da Saúde, Selma Ramos, Suely Gonçalves e Laís Reis.