Rastreando Sífilis Gestacional na Atenção Básica

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Introdução

     Com o aumento do número de casos de Sífilis gestacional em Macaíba neste ano de 2014, cuja média de notificação anual era de um ou nenhum caso e este ano já apresenta 3, sendo 1 deles proveniente da UBS Vila São José, fez-se necessário planejar uma intervenção com as gestantes relacionada a este tema. Esta ação foi realizada durante o Internato de Saúde Coletiva, desenvolvida por Luciana Araujo de Medeiros e Victor Hugo F. da Luz, alunos do 9º período do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Teve a coordenação da professora Ana Tania Lopes Sampaio, tutoria da professora Vilani Medeiros de Araújo Nunes, preceptoria do médico Jailton Barbosa de Oliveira e da enfermeira Maria Gracimani S. P. Trindade. Esta intervenção ocorreu na Unidade Básica de Saúde da Vila São José, no município de Macaíba, no estado do Rio Grande do Norte.
     A sífilis é doença infecciosa crônica sexualmente transmissível. Acomete praticamente todos os órgão e sistemas, e, apesar de ter tratamento eficaz e de baixo custo, vem-se mantendo como problema de saúde pública até os dias atuais. Sífilis congênita é a transmissão da doença de gestante acometida para o filho. A infecção é grave e pode causar má-formação do feto, aborto ou morte do bebê, quando este nasce gravemente doente. Pode ocorrer: lesões cutaneomucosas, leões ósseas e/ou viscerais, lesões oculares e/ou auditivas e aborto(1).
     O Brasil tem 0,8% de casos positivos de sífilis em gestantes em comparação com outros países como Reino unido tem 1.0%, Cuba 0,1%, Venezuela 1,9%, Haiti 3,9% e Zâmbia 14,6%(2). O ministério da saúde fala que a utilização de teste rápido treponêmico em gestantes e seus parceiros em unidades básicas de saúde, particularmente no âmbito da Rede Cegonha deve ser realizado(3).
     A importância destes instrumentos de triagem é mostrado por estudos clínicos anteriores que demonstraram precisão de 78% para o diagnóstico clínico de sífilis primária por médicos experientes(4).

 

Metodologia

     Após a atividade de pesquisa das notificações desta cidade de janeiro à maio de 2014, descobrimos que Macaíba estava com 3 casos notificados de Sífilis gestacional, e que um deles era proveniente da UBS de Vila de São José. Ao analisar os dados no DataSUS dos últimos anos, descobrimos que a média anual para a cidade era de 1 caso apenas, o que chamou a atenção para o aumento do número de casos(5).

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     Foi apresentado este resultado para a roda de co-gestão e discutido com a equipe sobre a viabilidade de intervenção relacionada a este tema. Após a decisão, foi realizada uma busca ativa das gestantes assistidas pela unidade, se elas tinham realizado o teste VDRL, bem como foi promovida a realização de teste rápido nas gestantes que não tinham sido testadas. Também foi planejada uma palestra educativa com distribuição de panfletos.

 

Resultados

     Das 26 gestantes cadastradas, 20 fizeram algum teste de rastreio e 6 não foram testadas. Das 14 que realizaram o VDRL, 1 teve resultado reagente (notificação já apresentada). Dez gestantes fizeram o Teste Rápido Bio-Manguinhos para Sífilis durante as duas últimas semanas da ação, e descobrimos 1 gestante com resultado positivo. Os dados estão representados nos gráficos abaixo:

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     Foi feito convite às gestantes para uma ação de promoção à saúde realizada no dia 09/06/14, na qual foi discutido temas variados como modificações fisiológicas na gravidez, como é o pré-natal, sífilis gestacional e congênita e importância do rastreio. Como forma de incentivo, foi promovido lanche e sorteio de brindes. Também foram distribuídos panfletos informativos sobre o tema.

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Conclusão
     Foi visto que em Macaíba há um aumento do número de casos de sífilis em gestantes em relação ao ano anterior, porém não se sabe se foi por deficiência no screening, pois neste ano na unidade de vila São José havia 06 gestantes que não o fizera. Há casos de sífilis gestacional todos os anos no município, fato que justifica uma melhor atenção para essa parte de rastreio. A intervenção cumpriu com os objetivos, sendo a parte preventiva de grande importância para divulgação da prevenção dessa doença em pacientes gestantes.

 

Referências

(1)Tavares, W.; Marinho, L. A. C.; Rotinas  de Diagnóstico e Tratamento das Doenças Infecciosas e Parasitároas. Editora Atheneu, São paulo, 2005 pág. 954-955.

(2)World Health Organization, pecentage of antenatal care attendees positive for syphilis. Lasted avalibe since 2005. Disponível em <(https://www.who.int/gho/sti/pregnancy/en/> acessado 07 de junho 2014).

(3)Ministério da saúde, PORTARIA Nº 3.242, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2011, DOU Nº 1 de 02 de janeiro de 2012 – seção 1 págs. 50 a 52.

(4)Chapel TA, Brown WJ, Jeffres C, Stewart JA. How reliable is the morphological diagnosis of penile ulcerations? Sex Transm Dis 1977;4:150-2.

(5)DATASUS. Informações de Saúde. Indicadores de saúde, Indicadores do rol de Diretrizes, Objetivos, Metas e Indicadores 2013-2015 – Indicadores Municipais . Disponível em <(https://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?pacto/2013/cnv/coapmunrn.def acessado 07 de junho 2014)>.