A plenitude do eterno retorno do devir.

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O fim de uma época, de um amor, de uma paixão, o fim de uma maturidade são os mais intensos momentos para se viver. Eles não são como a tenra aposta na novidade de um sentimento que se insinua. O fim é o lancinante instante da consciência de que o que foi bom, pleno e feliz, terminou.

Não é como o princípio, onde reina ansiedade e a incerteza, em meio a esperança. O fim é o momento da certeza fria e incontornável.

Ainda assim, o fim não é um absoluto. Nele se atribui um sentido a diversidade de acontecimentos que povoaram os dias felizes em que acreditamos compartilhar nossa alma. Os dias em que dois corpos foram animados pela fusão das almas enamoradas.

O fim é o momento em que o amor salta do vazio sem sentido do gesto apaixonado, para tornar-se a memória do afeto gozado e vivido, até onde é possível suportar o transbordar da felicidade.

Sabemos que a vida e o amor encontram, inexoravelmente, o silêncio… O fim é necessário a plenitude do encontro.

Depois das lágrimas secarem, poderemos recomeçar. Marcados pela memória de quem o encontro nos fez, até que esse outro mais estranho – o eu, que pensa ser eu – seja, ele mesmo, tragado para dentro do vazio de onde veio. Mas aí, onde o fôlego vital volta, recomeçaremos a busca pelo amor ao outro.

Buscaremos, ainda e mais uma vez, a incondicional aceitação recíproca: o verdadeiro amor sincero. E este será vivido outra vez intensamente.

E o fim virá novamente, para que amar possa ter estado a altura da vida. E é por isso que morremos: para saber por que foi preciso ter estado vivo.