Acolhimento e Classificação de Risco nos Serviços de Urgência

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Curso de Formação de Apoiadores da
Política Nacional de Humanização do SUS de Alagoas
Cartilha Acolhimento e Classificação de Risco nos Serviços de Urgência
Theny Mary Viana Fireman de Araujo

De que trata o texto? O texto fala da política de humanização do Sistema Único de Saúde conhecida como HumanizaSUS, o qual é reafirmado pelo Ministério da Saúde como uma política que atravessa, que transpassa todos os níveis de ações e serviços tanto na atenção quanto na gestão. Essa indissociabilidade em como produzimos saúde e como realizamos o processo de trabalho, provoca formas diferentes ou práticas inovadoras.
Para isso o HumanizaSUS serve também como ferramenta e dispositivo que faz a liga, que une, que cria vínculos entre toda a rede criando a co-responsabilização nos três sujeitos do sistema: usuários, trabalhadores e gestores. Nessa articulação está em jogo os saberes, as ações e os sujeitos, os quais buscam os mesmos objetivos: garantir uma atenção integral, resolutiva e humanizada.
Para que a Política Nacional de Humanização do SUS, ou simplesmente PNH seja fortalecida, ela parte das experiências que já deram certo, que já mostraram êxito e portanto, que podem ser replicadas.
Para que a PNH possa perpassar todas as ações e serviços oferecidos pelo SUS ela precisa de uma ferramenta disparadora de mudanças de atitudes, que é o Acolhimento, entendido como ação e postura numa prática nos processos de trabalho, para atender ao preceito maior da saúde que está contido na carta magna dos brasileiros, a Constituição Federal de 1988, quando afirma que a saúde é um direito de todos e um dever do estado.
Mesmo partindo dessa garantia de direitos, o SUS ainda com avanços não conseguiu superar alguns desafios persistentes como “a mudança das práticas de acolhida aos cidadão-usuários e aos cidadão-trabalhadores nos serviços de saúde (Brasil, 2012, p.7), ou seja, ainda convivemos com problemas que desafiam a todos e que necessitam ser superados como: superlotação, fragmentação no processo de trabalho (esse processo de trabalho, pensamos ser um dos maiores desafios do sistema), conflitos e relações de poder, desrespeito aos direitos e pouquíssima articulação com a rede de serviços (essa rede que desde a 8ª Conferência Nacional de Saúde em 1986, não consegue ser corporificada, está sempre na possibilidade de). Para superar tal situação se faz necessário a introdução de novas práticas para garantir uma atenção resolutiva, humanizada e acolhedora, as quais são sempre heterogenias como o país e o povo brasileiro.
A Cartilha sobre Acolhimento nos Serviços de Urgência do SUS mostra que a palavra “acolhimento” traz uma noção de atitude voluntária de bondade e de favor dos profissionais, que recebem bem as pessoas que chegam, em ambientes confortáveis, para serem atendidas. Não é nesse sentido que o acolhimento é propagado pelo Ministério da Saúde, o acolhimento aqui falado, diz respeito ao processo de produção de saúde, que por sua vez, qualifica a relação com o outro e precisa ser articulado com outras diretrizes da própria PNH como: clinica ampliada, co-gestão, ambiência e valorização do trabalho em saúde.
O acolhimento presente nas relações entre as pessoas e nos encontros nas unidades de saúde que ainda persistem em não estar concretizadas, uma vez que ainda persistem a concepção de um Estado mínimo, de privatizações, de mercantilização das relações entre sujeitos e a atenção à saúde se transforma em valor de troca. Com isso, a consequência é o “anestesiamento” da escuta profissional, do descompromisso, da desresponsabilização e da indiferença, fazendo com que os trabalhadores se afastem cada vez mais dos usuários como forma de proteção, e assim, nos isolamos, endurecemos nossos sentimentos e enfraquecemos nossos laços afetivos, para continuar a lutar pela saúde. O grande trabalho da saúde está em resgatar nos trabalhadores da saúde a capacidade de cuidar e de acolher, pois somente o homem possui essa capacidade de acolher e cuidar.