Módulo VII – Acolhimento e Classificação de Risco nos Serviços de Urgência – Cartilha MS, 2012, Tutora: Luzia Pr

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É preciso reorganizar a porta de entrada de forma humanizada e atender de forma ordenada, através de Linha de Cuidado. Foi uma das afirmações que ouvimos durante as discussões neste módulo. Não adianta fazer Acolhimento na porta de entrada e não ter serviço humanizado dentro do serviço.
Em relação aos vários sentidos do acolhimento foi dito que as práticas de gestão e de atenção têm que andar uma ao lado da outra. E que práticas de gestão não são responsabilidades, apenas, do gestor; todos somos gestores do nosso trabalho, do nosso tempo de trabalho; cogestão.
As Linhas de Cuidado são indicadores específicos relacionados, entre outras coisas, a:
1. Vulnerabilidade e risco (avaliado no momento do atendimento) – seguidos no protocolo para ordenar o atendimento
2. Atendimento agilizado a partir da classificação do risco
3. Projetos Terapêuticos singulares construídos
4. Profissionais e equipes qualificados para o atendimento
5. Protocolos clínicos elaborados, com foco na intervenção interdisciplinar
Petrúcia Barbosa finaliza dizendo a articulação entre as práticas de gestão e cuidado devem assegurar ampliação de acesso, cuidado integral e resolutivo; modo de fazer focado no referencial teórico, metodológico da PNH; escuta qualificada, resolutiva e avaliação e monitoramento dos indicadores.
Brasil (2012), a mudança das práticas de acolhida aos cidadãos-usuários e aos cidadãos-trabalhadores nos serviços de saúde é um grande desafio. O acolhimento como postura e prática nas ações de atenção e gestão nas unidades de saúde, a partir da análise dos processos de trabalho, favorece a construção de relação de confiança e compromisso entre equipes e os serviços. Possibilita também avanços na aliança entre usuários, trabalhadores e gestores da saúde em defesa do SUS como política pública essencial para a população brasileira. Os sentidos do acolhimento nos serviços de urgência do SUS. É preciso não restringir o conceito de acolhimento ao problema da recepção da demanda. O acolhimento na porta de entrada só ganha sentido se o entendermos como parte do processo de produção de saúde, como algo que qualifica a relação e que, portanto, é passível de ser apreendido e trabalhado em todo e qualquer encontro no serviço de saúde.
O acolhimento como ato ou efeito de acolher expressa uma ação de aproximação, um “estar com” e “perto de”, ou seja, uma atitude de inclusão, de estar em relação com algo ou alguém. É exatamente no sentido da ação de “estar com” ou “próximo de” que queremos afirmar o acolhimento como uma das diretrizes de maior relevância política, ética e estética da política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. (Brasil, 2012)
Apesar dos avanços e conquistas do SUS, ainda existem grandes lacunas no acesso e no modo como o usuário é acolhido nos serviços de saúde. O grande desafio a ser enfrentado por todos nós – trabalhadores da saúde, gestores e usuários – na construção e efetivação do SUS como política pública é transpor os princípios aprovados para o setor Saúde e assegurados nos textos constitucionais para os modos de operar o trabalho da atenção e gestão em saúde. É preciso restabelecer no cotidiano, por exemplo, o princípio da universalidade/equidade para o acesso e a responsabilização das instâncias públicas pela saúde dos cidadãos. (Brasil, 2012)
“Os processos de “anestesiamento” de nossa escuta têm produzido a enganosa sensação de salvaguarda, de proteção do sofrimento”. (Brasil, 2012)
O acolhimento no campo de saúde deve ser entendido, ao mesmo tempo, como diretriz ético/estético/política constitutiva dos modos de se produzir saúde e como ferramenta tecnológica relacional de intervenção na escuta, na construção de vínculo, na garantia do acesso com a responsabilização e na resolutividade dos serviços. O acolhimento como diretriz é um regime construído a cada encontro e por meio dos encontros, que se produz, portanto, na construção de redes de conversações afirmadoras de relações de potência nos processos de produção de saúde. O acolhimento é um modo de operar os processos de trabalho em saúde assumindo uma postura capaz de acolher, escutar e dar respostas adequadas aos usuários.
(Brasil, 2012)
“O acolhimento não é um espaço ou um local, mas uma postura ética; não pressupõe hora ou profissional específico para fazê-lo, mas o compartilhamento de saberes, angústias e invenções.” (Brasil, 2012)
– O Acolhimento com Classificação de Risco e as mudanças possíveis no trabalho nos serviços de urgência: (Brasil, 2012)
Muitos serviços de atendimento às urgências convivem com grandes filas onde as pessoas disputam o atendimento sem critério algum a não ser à hora de chegada. […] Esses funcionamentos demonstram a lógica perversa na qual grande parte dos serviços de urgência vem se apoiando para o desenvolvimento do trabalho cotidiano. […] O acolhimento como dispositivo tecno-assistencial permite refletir e mudar os modos de operar a assistência, pois questiona a clínica no trabalho em saúde, os modelos de atenção e gestão e o acesso aos serviços. A avaliação de risco e vulnerabilidade não pode ser considerada prerrogativa exclusiva dos profissionais de saúde: o usuário e sua rede social devem ser considerados neste processo. […] A realização da classificação de risco isoladamente não garante uma melhoria na qualidade da assistência. É necessário construir pactuações internas e externas para viabilização do processo, com a construção de fluxos claros por grau de risco, e a tradução destes na rede de atenção.
O Acolhimento com Avaliação de Risco configura-se, assim, como uma das intervenções potencialmente decisivas na reorganização das portas de urgência e na implementação da produção de saúde em rede, pois extrapola o espaço de gestão local afirmando, no cotidiano das práticas em saúde, a coexistência das macro e micropolíticas. (Brasil, 2012)
Na Cartilha do Ministério da Saúde (2012) vários aspectos são interessantes para serem abordados em relação ao Acolhimento com classificação de Risco, no entanto, vamos apenas citá-los:
– O acolhimento e a ambiência nos serviços de urgência reinventando os espaços e seus usos
– Um destaque para a ambiência na urgência
– Os eixos e suas áreas
– Os protocolos de classificação de risco
– Etapas que devem ser observadas para implementação no SUS
Com relação à ambiência – interferir nos espaços físicos favorece problematizar as práticas, os processos de trabalho e os modos de viver e conviver nesse espaço. (Brasil, 2012)
Nos serviços de urgência, onde as equipes trabalham na maior parte das vezes em regime de plantão, é indispensável à construção de estratégias de mobilização, de cronogramas de rodas de conversa com a equipe multidisciplinar a serem realizadas em diversos horários diurnos e noturnos, visando à coletivização da análise e a produção de estratégias conjuntas para o enfrentamento dos problemas. (Brasil, 2012)
“É preciso criar novas formas de agir em saúde que levem a atenção resolutiva, humanizada e acolhedora a partir da inserção dos serviços de urgência na rede local.” (Brasil, 2012)