XVII Jornada Intersedes do Laço Analítico Escola de Psicanálise: O CORPO NA PSICANÁLISE

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– Local: Espaço CDL – Cuiabá – MT
– Data: 31/10 e 01/11/2014
– Inscrições: Profissionais: R$ 150,00/ Estudante: R$ 90,00
– Maiores informações na Subsede Cuiabá:
.Endereço: Avenida Isaac Póvoas, 901/702 – Centro
.Telefone: (65) 3322 8218 (14:00 às 20:00 horas)
.E-mail: [email protected]

CONVOCATÓRIA
Todo ano temos o prazer de realizar a Jornada Intersedes de nossa Escola, momento de aproximação dos membros das três sedes (Cuiabá, Rio e Varginha) e dos dois núcleos (Florianópolis e Manaus) que compõem o Laço, num enlace de trabalho interno entre analistas e uma Jornada de apresentações de trabalhos aberta a todos os interessados por psicanálise.
Neste ano, nosso tema é O corpo na psicanálise, e não por acaso, escolhemos como figura para nosso folder uma obra de Jeronimo Bosch. Este incrível pintor medieval, que viveu a renascença, contemporâneo de Leonardo da Vinci e Rafael, é o precursor do surrealismo, movimento estético e político das artes do século XX. Cinco séculos depois, suas pinturas que retratam cenas de desejo e gozo, imagens dos sonhos de que não se quer lembrar, inspirou o surrealismo e ainda dão a ver àqueles que suportam o corpo e sua plasticidade amoral.
Lacan se refere nomeadamente a este pintor no seu artigo ‘O estádio do espelho como formador da função do eu tal como nos é revelada pela experiência psicanalítica’, de primeira hora (pois que data ainda da década de 30, quando foi apresentado no Congresso de Marienbad a uma comunidade perplexa de psicanalistas, em 1936, sendo retomado, no pós-guerra, quando Lacan volta a escrever, em 1949 em sua versão definitiva), quando se refere ao corpo despedaçado, que se mostra nos avanços regressivos da análise da histeria ("quando o movimento da análise toca num certo nível de desintegração agressiva do indivíduo"). "Ele aparece então sob a forma de membros disjuntos e de órgãos representados em exoscopia, que criam asas e se armam para as perseguições intestinas como as perenemente fixadas, através da pintura, pelo visionário Jenônimo Bosch na escalada que tiveram, no século XV, para o zênite imaginário do homem moderno" (Escritos, Rio, Zahar, p. 100).
Corrompido e transmutado, na sua economia de troca, nos arranjos inventados e possibilitados pelo discurso, o homem se transfigura em bicho e se transfigura em máquina. O “Jardim das delícias”, tela central do tríptico de Bosch, revela o corpo polimorfo dos sonhos, esse jardim que nos habita.
Flor maior do jardim das delicias ou dos horrores, o corpo na psicanálise é tomado em sua dimensão de corpo próprio, a partir da imagem que retorna do Outro, imagem de mim como um corpo, uma unidade corporal. O investimento libidinal na imagem do corpo, que Freud chamou de narcisismo, lança as bases do eu e de suas relações objetais. Além da dimensão imaginária do corpo, a imagem do corpo próprio, designada por Lacan pela notação i(a), o corpo é simbólico, falado, rasgado pela linguagem, enquadrado na lógica dos discursos, tecido no fio da Outra Cena, marcado com os significantes que regem o desejo. O corpo na psicanálise é também real, há uma dimensão do corpo que escapa à imagem e à palavra: a angústia, o sexo e a morte dão notícias de um corpo real que nos surpreende e ameaça a segurança construída pelo eu.
O corpo porta uma economia e uma política na relação com os outros, nas trocas no mundo/in-mundo, em que ele segue errando, buscando, inventando, se contaminando em seus modos de gozo.
O que pode a psicanálise pensar do corpo em nossos tempos? O que significa para a clínica psicanalítica tomar politicamente o corpo em sua dimensão de gozo? Como pensar a política da psicanálise em sua relação com o corpo e suas dimensões imaginária, simbólica e real? O que a psicanálise tem a dizer dos modos como a cultura embala o corpo, nos seus envelopes de mercado e na sua dinâmica pulsional? Bem, essas são algumas das questões que nos atravessam como analistas e convidamos os interessados a se lançarem conosco nesse trabalho desafiador.

Nomes e trabalhos confirmados para a XVII Jornada do Laço: O corpo na Psicanálise
1) – Adriana Rangel – "O corpo segregado"
2) – Antonio Pinto de Oliveira Pinto – "Corpo e sexuação"
3) – Daniela Bezerra – "O corpo e suas vicissitudes – notas sobre um caso de neurose grave"
4) – Gildete Custódio – "E o corpo do analista?"
5) – Ivanir Barp Garcia – "Pathema, a paixão do corpo"
6) – José de Araújo – "O corpo e a urgência"
7) – Kátia Wainstock Alves dos Santos -"Holófrase e Corpo"
8) – Luciano Elia – " O sujeito tornado corpo"
9) – Maria Sílvia Elia Galvão – "Corpo e discurso"
10) – Mariana Mayerhoffer – "O corpo e sua presença no ativismo político: do real ao ato, o que a angústia sinaliza"
11) – Marina Fiorenza – "o destino do narcisismo na análise"
12) – Nympha Amaral – "O corpo na mania – do todo ao parcial"
13) – Valdene Rodrigues Amancio – "O corpo na psicose"
14) – Vanda Manhozo – "O sujeito, o corpo e a voz"
15) – Veline Simioni Silva – " 'Eu fico fora de si' – A foraclusão do Nome do Pai e o corpo na esquizofrenia"