SEMINÁRIO DE CLÍNICA AMPLIADA DISCUTE A GESTÃO DA CLÍNICA NO PIAUÍ

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 No dia 9 de dezembro, cerca de 90 trabalhadores e gestores participaram de um Seminário Temático facilitado por Gustavo Tenório em Teresina. O evento foi o quarto do ano na capital piauiense visando a reflexão das práticas de atenção e gestão.

O seminário debateu os conceitos da clínica ampliada, os problemas da clínica hegemônica, os pressupostos filosóficos da clínica ampliada, dificuldades práticas na construção da clínica ampliada, conseqüências de uma clínica ampliada, organograma por unidades de produção, equipe de referência e apoio matricial.
O seminário cumpriu seu propósito de aumentar a qualificação dos trabalhadores e gestores do SUS Pi sobre a clínica ampliada, bem como abrir uma reflexão sobre os modos de fazer a clínica nos serviços atualmente a partir de um trabalho em grupo onde cada pessoa trazia as suas vivências sobre a clínica ampliada nos serviços, eram discutidos as facilidades e dificuldades e estratégias na construção da clínica ampliada no SUS-PI. Houve amplo debate sobre o tema com intensa participação e reflexão pelos diferentes sujeitos envolvidos. Mapeamento das dificuldades, facilidades e estratégias foram propostas pelos participantes.
Na ocasião do evento, tivemos o lançamento do CD de Eloídes, estudante de Psicologia e usuária do SUS, membro do Comitê Estadual de Humanização, que compôs várias músicas com o tema da humanização, entre elas as faixas Empatia e Pan-Humaniz ação são as suas preferidas.
Facilidades:
·          Proposta de oficinas de sensibilização
·          Existência de comissão de humanização (grupos de trabalho) GTH
·          Estrutura física adequada
·          Acolhimento com classificação de risco – Projeto Posso Ajudar (HUT)
·          Existência de uma equipe multiprofissional
·          Processo de implantação
·          Temática nova
·          Mudança de culturaà Humanização no comportamento
·          O gestor vê só a doença, não vê o paciente como um todo
·          Existência de projetos específicos, modelos bem elaborados e bem claro, como por exemplo: clínica ampliada
·          Nº de funcionários de apoio suficientes em cada plantão hospitalar/turno – ambulatório PSF
·          Treinamento/educação dos profissionais de forma permanente
 
Dificuldades:
·          Produtividade- pressão da gestão para cumprir metas de atendimento. Profissional não utiliza o prontuário para registro das condutas
·          Cumprimento do horário- profissional não cumpre a carga horária. Vários veículos empregatícios
·          Remuneração insuficiente
·          Burocratização dos processos- normas e protocolos
·          Dificuldade de implementar visitas domiciliares, projeto terapêutico, apoio nutricional pela cultura do procedimento, ambulatório
·          Fragmentação do usuário / da prática
·          Burocratização da entrada do usuário nos serviços- senhas, fichas
·          Lógica de consumo de consultas/ procedimentos quando há cumprimento de carga horária
·          Dificuldades de execuções das ações: burocráticas, financeiras
·          Construção rígida do profissional
·          Falta de informação do usuário
·          Fragmentação do usuário por parte da equipe profissional
·          Banalização do ser humano pelo ser humano
·          Obstáculos institucionais, estruturais e epistemológicos
·          Não há a participação de todos os profissionais, principalmente do médico
·          Usuário acompanhante não tem acesso a visitas
·          O paciente não é escutado
·          O profissional não usa uma linguagem acessível
·          Não há acolhimento
·          Pouco estabelecimento de vínculo
·          Pouca efetividade
·          Fragmentação do indivíduo
·          Pouca autonomia do usuário
·          Centrado na produtividade
·          Pouca integração dos profissionais
·          Formação deficiente/ineficiente
·          Conhecimento equivocado dos usuários sobre o sistema e conceito de saúde
·          Poder centralizado no profissional
·          Política de saúde fragmentada com diluição de poderes
·          Dificuldade de integração das equipes
·          Carência de profissionais
·          Capacitação de profissionais; falta de infra-estrutura
·          Forma de gestão do serviço que é antigo
·          Dificuldade de se integrar a equipe
·          Falta de disponibilidade dos profissionais para implantar a humanização
·          Valorização das equipes do Projeto Terapêutico Singular pela gestão como espaço de decisão no hospital
·          Estabelecimento de vínculo com familiares e/ou usuários num hospital público de referência de macro região
·          Resistência de alguns profissionais para trabalhar dentro desse novo modelo de atenção humanizada, participando das rodas de discussão
·          Agregar as equipes os orientadores/tutores (NASF) na construção da clínica ampliada
·          Especificar ofertas de tratamento para cada sujeito num contexto de hospital público onde não existe equipe multiprofissional integrada, onde não existem residentes(não é hospital escola), plantonista dispõe de meios de diagnóstico limitados, atua no seu dia de plantão de maneira precária pela sobrecarga de trabalho (inúmeras atividades).
 
 
Propostas:
·          Atuação mais próxima do usuário- aumentar vinculo através de visitas semanais, diálogo; fidelizar usuário
·          Criar indicadores que meçam a qualidade do atendimento
·          Qualificar a referência e contra-referência
·          Criar mecanismos que garantam a participação dos profissionais nos processos formativos
·          Sensibilização dos gestores
·          Implantação de carga horária: 40h na ESF
·          Implantação de acolhimento na Atenção Básica
·          Inserir na proposta da PNH nas reuniões CGR com vistas a orientar o processo de sensibilização dos   gestores e profissionais na aplicação dos dispositivos da PNH junto as equipes nos municípios. (APS)- porta de entrada
·          Envolver nos grupos a associação Piauiense Medicina e Sindicato Médico, etc
·          Propõe estratégia de sensibilizar estudantes…(explicar) – escolas desde o ensino fundamental
·          Utilizar os espaços existentes, conselhos Municipais de Saúde, Colegiados de Gestão Regional
·          Romper com o fator tempo
·          Realizar oficinas de sensibilização
·          Implantar o acolhimento como preconiza a PNH
·          Incluir a PNH na formação acadêmica dos profissionais
·          Reuniões multiprofissionais para avaliação dos processos de trabalho
·          Valorização do usuário como sujeito
·          Integralidade
·          Centrado na qualidade
·          Escuta qualificada
·          Trabalho multiprofissional e interdisciplinar em equipe e formação de uma rede de apoio; mudança na grade curricular
·          Selecionar as prioridades do território
·          Estabelecer novas relações de trabalho
·          Acolhimento + valorização
·          Ampla discussão e divulgação das propostas em todos os setores
·          Reuniões periódicas
·          Capacitação do pessoal
·          Avaliação que o usuário faz sobre o atendimento
·          Realização de seminários e semanas temáticas
·          Rodas de discussão sobre a clínica ampliada, acolhimento, ambiência, gestão participativa e carta dos direitos dos usuários, oficinas de sensibilização mostrando experiências, plano de ação anual, apoio matricial na retaguarda sempre, inclusive finais de semana, alta humanizada – consulta de retorno agendada, reforço nos princípios da carta dos usuários através da fixação de cartazes nos consultórios/ambulatórios; ampliação/participação de mais atores na resolução de problemas.
 
No final Gustavo Tenório comentou as apresentações a partir da escuta à realidade desvelada na voz dos participantes e das propostas para ampliar a clínica partindo do pressuposto da indissociabilidade entre atenção e gestão em saúde.
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Annatália Gomes – Consultora da PNH/PI