É o crack que mata?

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O Ministério da Saúde acaba de lançar uma campanha sobre o uso de crack. Triste, muito triste. Uma campanha que amplia o preconceito, o estigma, que traz informações mentirosas. Uma campanha que faz parte do problema, e não da solução.

É gentes… Temos muito o que fazer mesmo. Precisamos levar os princípios da PNH, não apenas para dentro de serviços de saúde, mas para setores do próprio Ministério da Saúde. A área de técnica de álcool e outras drogas da Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, é uma delas.

E pensar que neste mesmo governo, nós tivemos uma campanha maravilhosa, disparada pelo Programa Nacional de DST e Aids, na qual a frase mestra era: "Drogas alteram seus sentidos, mas nada altera seus direitos nos serviços de saúde". Quanta diferença!!!

Agora, vem o mesmo Ministério, nos dizer que o crack mata. Mentira! Quem conhece a realidade da ponta (o que exclui os burocratas que elaboraram a campanha), sabe bem: o que mata não é o crack, mas a violência agregada à realidade proibicionista na qual o fenômeno do crack se constitui.O que mata não é crack, mas tiros! Na França, por exemplo, as pessoas que usam crack duram anos. Muitos anos. É o crack que mata?

A campanha do Ministério é mais um elo na poderosa rede de inimigos que precisamos enfrentar, para podermos cuidar destas pessoas com a dignidade que elas merecem. Como diz o dito popular: se não ajudam, que pelo menos não atrapalhem. O Ministério da Saúde, que vem tratando o tema de forma ridícula, agora resolve que vai atrapalhar quem está tentando fazer alguma coisa.

Triste. Muito triste.

 

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