Considerações sobre a avaliação psicológica em serviços públicos de Saúde Mental

14 votos

Por Hudson Eygo
Psicólogo, coordenador do Serviço de Psicologia – SEPSI do CEULP/ULBRA, e Colaborador do (En)Cena. 
E-mail: [email protected]

Muito se tem falado sobre a importância de se fazer uma avaliação psicológica de qualidade, que não limite o cliente em um diagnóstico fechado, mas que trate de um estado de ser, compreendendo que o homem em sua totalidade (biopsicossocial e espiritual) é mutável.

Esse movimento, em busca de um olhar mais reflexivo na saúde mental não é, nem nunca foi exclusivo da psicologia. No Brasil, esse movimento ganhou força principalmente com o movimento sanitarista, ainda na década de 1980. Entre outras medidas, o movimento buscava uma visão holística e mais humanizada para o sofrimento mental, rompendo com a lógica estigmatizante e segregadora que a medicina – aqui mais especificamente a psiquiatria – cunhava sobre a loucura até aquele momento.

Em resposta positiva a esses movimentos de resistência, instauram-se no país as políticas antimanicomiais e de assistência em saúde mental.  Partindo de uma lógica biopsicossocial, são criados e instituídos, após a reforma sanitarista, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Estes serviços nascem como um enfrentamento ao modelo de tratamento dos manicômios, visando à inclusão social dos usuários do serviço de saúde mental, com o desafio de provocar na sociedade a quebra de paradigmas referentes à loucura e ao sofrimento mental, que dura até hoje.

psicodiagnostico-3.jpg

A luta não é nova, e estes movimentos tem uma longa história de resistência ao modelo de tratamento psiquiátrico. Contudo, o que se vê na atualidade, é a equipe multiprofissional dos CAPS’s (ou boa parte deles) está totalmente dependente e vinculada ao saber médico, sem nenhuma autonomia. Claro, por uma série de razões, talvez – e principalmente – pelo fato de a própria equipe não conseguir trabalhar articulada com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), seguindo um modelo linear.

Hoje, os CAPS’s, como estratégia interventiva implantada, enfrentam o desafio de promover a reinserção social de seus usuários. E, se isso não acontece, é porque o trabalho social está deixando a desejar. Sobre esse tópico, existem diversas teorias e posicionamentos, tanto contra quanto a favor dos Centros. Entretanto, um ponto é consenso geral: Não é a comunidade quem não está pronta para lidar com os usuários de serviços de saúde mental, mas o próprio serviço que se fecha para a comunidade impedindo essa comunicação, função para a qual ele (o serviço) fora instituído. A situação se agrava ao se constatar que a própria família destes usuários não tem a assistência e/ou orientação devida. Claro, há exceções.

A psicologia, nesse contexto, encontra-se em um dilema: dar conta da alta demanda dos CAPS’s, traçando um Plano Terapêutico Singular (PTS), mas que – ao mesmo tempo – contemple de forma coletiva a todos os usuários do serviço.

 

Clique aqui e leia o texto completo no Portal (En)Cena: A Saúde mental em Movimento