Garantida pelo SUS, sessão de acupuntura é disputada no país

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PUBLICADO EM 08/05/15 – 03h00
Litza Mattos

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A doméstica Margarida da Conceição Rosa, 53, só conseguiu deixar de sentir as fortes dores provocadas pela hérnia de disco e a fibromialgia depois que começou a fazer acupuntura. Mas, até o alívio chegar, foram dois anos esperando pelo atendimento no Centro de Saúde Tia Amância, na região Centro-Sul da capital. “Se tivesse esperado menos, talvez a minha situação não teria se agravado”, diz.

Apesar de a prática da acupuntura já ser reconhecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) há 27 anos, o maior acesso ao tratamento só veio com a implementação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, em 2006. A medida também passou a oferecer à população outras terapias não convencionais, como a homeopatia. Passados oito anos, o que se vê são gargalos causados, principalmente, pela quantidade insuficiente de profissionais frente ao crescimento da demanda.

Em Minas Gerais, o atendimento aumentou 179% nos últimos sete anos, saindo de 18.410, em 2008, para 51.617, em 2014. Mesmo assim, na avaliação da coordenadora de Política Estadual de Práticas Integrativas Complementares, Heloísa Helena Monteiro, os números estão subestimados. “Muitos profissionais não registram”, diz.

No âmbito da infraestrutura, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, são 501 estabelecimentos cadastrados no Serviço de Práticas Integrativas e Complementares, sendo 128 especializados em acupuntura, e apenas 146 médicos habilitados. “A maioria da população ainda não sabe desse direito e, quando fica sabendo, a demanda jorra. O governo tem que se organizar. Estamos falando de promoção da saúde, menos adoecimento e encaminhamentos a hospitais”, reconhece.

Margarida conta que, a melhora após as 12 sessões foi significativa, pois as dores na coluna dificultavam muito a realização dos movimentos exigidos pela profissão. “Fazia uma sessão por semana, e as agulhas eram colocadas em praticamente todo o corpo. O ideal seria fazer de duas a três vezes (por semana), mas como a demanda é grande, vou ter que entrar na fila de novo”, conta a doméstica.

Necessidade

Números. Segundo o presidente da ABA, o país tem hoje cerca de 35 mil acupunturistas, sendo 20% médicos, e o restante não médicos. “O ideal seria, pelo menos, dez vezes isso”, diz Evaldo Martins.

Belo Horizonte tem apenas 12 profissionais

Em Belo Horizonte, o primeiro concurso público para contratação de acupunturistas, homeopatas e médicos antroposóficos aconteceu em 1994, mesmo ano da implantação do Programa de Homeopatia, Acupuntura e Medicina Antroposófica (Prhoama).

De lá pra cá, segundo a médica acupunturista da Secretaria Municipal de Saúde, Maria Elisa Carvalho, dois outros concursos pouco contribuíram para a melhoria do serviço, que hoje conta com 12 acupunturistas em toda a capital, e o próximo concurso só abrirá três vagas.

Para tentar diminuir o tempo de espera, Maria Elisa diz que há um ano foram feitas alterações para otimizar o fluxo. “Restringimos o atendimento para as doenças osteoarticulares e do sistema nervoso, limitamos o número de sessões (de 15 a 20), além disso, qualquer profissional com nível superior (médico, fisioterapeuta, enfermeiro) pode fazer o encaminhamento”, explica.

Raio X do serviço
Atendimentos no Brasil: Os procedimentos aumentaram 563% nos últimos sete anos, passando de 109.003 sessões de acupuntura em 2007 para 722.759 no ano passado.

Oferta: Cerca de 7.700 estabelecimentos de saúde oferecem alguma prática integrativa e complementar, o que representa em torno de 20% das Unidades Básicas de Saúde. Desses, 2.400 ofertam acupuntura.

Presença: As Práticas Integrativas e Complementares (PICs) estão presentes em 28% dos municípios brasileiros, distribuídos pelos 27 estados e DF, atendendo a 93% das capitais.

Evolução no Brasil: O atendimento no país passou de 109.003 (2007) para 722.759 (2014).

Atendimentos em MG: No Estado, foram 18.410 atendimentos em 2008.

Fonte: O Tempo