ATM atinge 30% da população mundial, segundo OMS. Disfunção é maior em mulheres

10 votos

hospital_santa_lucia_-_estudio_marliere_21.jpg

Disfunções da articulação temporomandibular (ATM) atingem cerca de 10 milhões de brasileiros. Cirurgião bucomaxilofacial, do Hospital Santa Lúcia, explica como a doença age e quais tratamentos estão disponíveis para combatê-la

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que cerca de 30% da população do planeta sofrem com disfunções da articulação temporomandibular (ATM). A doença é responsável por causar diversos problemas na complexa articulação que movimenta a mandíbula e os ligamentos, além dos músculos da mastigação, ossos maxilar-mandíbula, dentes e em estruturas de suporte dentário.

O resultado são fortes dores de cabeça, ouvido e/ou zumbidos, dor ou cansaço dos músculos da mastigação, ruídos articulares (estalos ou crepitação) e dificuldade para abrir a boca. O cirurgião bucomaxilofacial do Hospital Santa Lúcia, Dr. Fábio Calandrini, afirma que não há uma causa específica para o surgimento da ATM, mas que existem fatores que contribuem para que a dor e a disfunção se apresentem.

“Hábitos como mascar chicletes, roer unhas, estresse emocional, trauma, apertamento constante dos dentes e até a predisposição genética para dores crônicas podem contribuir para o desenvolvimento da ATM”, afirma o especialista, que também é membro da International Association of Oral and Maxillofacial Surgeons.

Segundo o Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, as disfunções da articulação temporomandibular atingem cerca de 10 milhões de brasileiros, e que de 5% a 10% dos casos diagnosticadotêm a indicação de tratamento cirúrgico. O especialista explica que os tratamentos podem ser clínicos ou cirúrgicos. “Os clínicos incluem medicação, aplicação de dispositivos oclusais (aparelhos removíveis, normalmente fabricados em resina acrílica) e fisioterapia. Já os tratamentos cirúrgicos, englobam técnicas como artrocentese, artroscopia, cirurgia aberta e artroplastia total, que é a substituição da articulação por prótese”, conta Calandrini.

Mas o cirurgião alerta que o procedimento cirúrgico é recomendado somente para casos em que o tratamento convencional – com medicações, fisioterapia ou aparelhos – não se mostrar eficaz. “O tratamento cirúrgico está indicado nos casos em que alterações anatômicas importantes da ATM devem ser reparadas para que a articulação possa recuperar sua funcionalidade. Exemplos dessas situações incluem luxações de disco articular que não se resolvem com tratamentos clínicos, grandes reabsorções da estrutura óssea mandibular, luxações recidivastes da mandíbula, anquiloses, cistos sinoviais, etc”, pondera o médico.

Em Brasília, o Hospital Santa Lúcia é a primeira instituição médica da rede privada a oferecer uma clínica especializada em Cirurgia Ortognática – tratamento indicado para pacientes que têm deformidades envolvendo os ossos da face e os dentes, visando restabelecer o equilíbrio anatômico da face. O atendimento é realizado de três modos: ambulatorial, emergencial (para pacientes com algum trauma provocado por acidente) e cirúrgico.

“Seremos a única clínica especializada em cirurgia ortognática em Brasília com equipe multidisciplinar para atendimento 24 horas e três especialistas experientes nas áreas de cirurgia bucomaxilofacial e fisioterapia especializada na face”, afirma Fábio Calandrini.

O serviço também oferecerá o tratamento diagnóstico e terapêutico de ATM por artroscopia, procedimento por videolaparoscopia que permite ao profissional enxergar por dentro das articulações, ligamentos, tendões e cartilagens, e torna a recuperação mais rápida e menos dolorosa.

Disfunção da ATM é maior em mulheres – Segundo a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, o sexo feminino sente mais dores e possui maior risco de experimentar inúmeras condições dolorosas, como: dores no pescoço e ombros, no abdômen, cefaleias tipo tensão, enxaquecas, distúrbios da articulação temporomandibular e outros. Na ATM, por exemplo, para cada homem com a disfunção, existem nove mulheres com o problema, principalmente entre 30 e 40 anos.

Para o presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia bucomaxilofacial, Nicolas Homsi, a prevalência maior do transtorno nelas pode ser provocada por alterações hormonais mais constantes ou pela anatomia mais propícia para a disfunção da ATM. “O certo é que, atingindo homens ou mulheres, é essencial procurar um especialista para se livrar da dor e evitar um mal maior, que pode ter consequências sérias", conta.

Para o cirurgião bucomaxilofacial, Fábio Calandrini, estudos têm demonstrado a associação de processos inflamatórios da ATM com a ativação de receptores de estrogênio, o que pode justificar em parte a maior prevalência em mulheres. “Outros fatores tem sido sugeridos, à associação de fatores emocionais com alterações orgânicas; o maior auto-cuidado – as mulheres procuram mais assistência médica e odontológica, e portanto, são diagnosticadas com maior frequência”, conta.

Saiba Mais – De acordo com estudos publicados pela revista científica e acadêmica americana “The Journal of Pain”, em 2009, a testosterona pode proteger o sexo masculino em relação à manifestação da dor da ATM. O estudo revela que uma diferença nos mecanismos biológicos da dor da ATM com relação às outras partes do corpo masculino, influencia diretamente no tipo de medicamento e tratamento usado para o controle do desenvolvimento da disfunção nos homens.