Apoio a saúde mental de gestantes e puérperas

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535309_3461858822793_1160632680_32655027_1942994393_n.jpgColegas,  compartilho com vocês o texto publicado na plataforma "Temos que falar sobre isso", espaço virtual criado por Thais Cimino que objetiva dar espaço para que mulheres ,por meio de relatos anônimos, possam contar experiência de sofrimento importante quando da chegada de seus bebês. Em menos de três meses esta plataforma já reúne inúmeros relatos que tratam de depressão pós-parto,dificuldades com amamentação, aceitação do filho, sofrimento paterno e psicose puerperal.

A ideia do texto aqui compartilhado foi o de apresentar sucintamente para estas mulheres o trabalho realizado nos Centros de Atenção Psicossocial como espaço potente de escuta e acolhimento, uma vez muitos dos relatos apresentados falavam sobre a dificuldade em custear serviços particulares e ambuulatoriais. Tratamos assim de mostrar como o SUS pode oferecer um cuidado respeitoso, acolhedor e transformador para essas mulheres e suas famílias. Entedemos ainda ser este um desafio para os próprios serviços:empreender espaços de cuidado para mulherese famílias em momentos tão intensivamente delicados de suas trajetórias.

 

Esperamos contribuir para abertura para este tema na RAPS!

Segue o link do texto e na íntegra logo abaixo!

https://temosquefalarsobreisso.wordpress.com/2015/06/26/apoio-a-saude-mental-e-o-sus/

 

SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE MENTAL PARA APOIO EM SITUAÇÕES DE CRISE E DE SOFRIMENTO

Neste texto vamos falar um pouco sobre como a rede pública de saúde em nosso país está organizada e em qual direção ela pode oferecer serviços, atendimentos e acolhimento para as mulheres que estão em situação de sofrimento psíquico bem como para suas famílias e filhos.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é um sistema público de saúde em nível nacional que tem entre suas principais diretrizes ser universal – atender à todos independente da condição; equanime – garantir que as pessoas que precisam mais tenham mais acesso; e integral – atender as pessoas a partir da consideração de que cada um é singular e têm demandas diferentes.

A gente sabe que este é um sistema que ainda precisa de muitos ajustes, mas que por outro lado, os serviços de saúde têm chegado em lugares que antes não tínhamos nem ideia.

Neste conjunto de serviços, temos uma importante política, chamada Política Nacional de Saúde Mental, que há cerca de quinze anos propõe que o cuidado para as pessoas que estão em sofrimento psíquico ou que tenham transtornos mentais já diagnosticados possa acontecer fora dos manicômios, e que aconteça perto da casa das pessoas em serviços territoriais. Para tanto, foram criados serviços chamados CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS). Estes serviços, em suas diferentes modalidades (CAPS Infantojuvenil; CAPS adulto e CAPS álcool e drogas) devem atender: crianças, adolescentes, pessoas em uso prejudicial de crack, álcool e outras drogas como também pessoas que estão vivendo situações de importante sofrimento psíquico necessitando muitas vezes de acompanhamento multidisciplinar e atendimentos com médicos psiquiatras.

Nos casos de mães, gestantes e famílias que estão vivendo um processo difícil nessa nova organização familiar, e principalmente para os casos em que as mulheres estão sofrendo, os CAPS para adultos podem ser um serviço de apoio muito potente. Há CAPS adultos em várias cidades do Brasil, que contam com uma equipe multidisciplinar (medico, enfermeira, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, oficineiros, auxiliares e técnicos de enfermagem) que têm a função de ajudar as pessoas daquela comunidade a enfrentarem um momento de crise ou um transtorno mental defendendo a importância de que o cuidado aconteça perto de casa, perto da família e das relações que fazem sentido para cada pessoa atendida. Os profissionais que trabalham nestes serviços estão capacitados para oferecerem uma escuta atenta às nossas questões, como também estão preparados para realizarem o acolhimento às necessidades de apoio ao sofrimento que vivemos. Assim, mais do que somente medicar ou diagnosticar, a proposta desses serviços é ajudar na reconstrução de nossas histórias e no amparo aos momentos de maior crise psíquica para que possamos elaborar novos projetos de vida. São oferecidos assim, atendimentos individuais, em grupo, atendimentos para familiares e oficinas de atividades.

O acesso à estes serviços é livre, ou seja, você não precisa de encaminhamento para ir até lá. No geral, as unidades de saúde da Atenção Basica: Unidades de Basica e Saúde e as Unidades de Saúde da Família, que são os “postos” de saúde que ficam perto das nossas casas têm o contato desses serviços e podem ser uma boa ponte para essa chegada até o CAPS.

Nas cidades pequenas que não contam com CAPS adulto, a própria unidade de Atenção Básica pode oferecer uma retaguarda para as famílias, principalmente para as mulheres em momentos mais sensíveis como a experiência de depressão pós parto e de psicose puerperal.

Entendemos que o importante é que as mulheres tenham informações sobre estes serviços para que possam acessá-los de forma mais empoderada e esclarecida para que possam construir uma relação de cuidado com estes profissionais que seja mais interessante e de acordo com a necessidade de cada uma.

Os serviços de saúde mental no SUS são gratuitos e ainda devem buscar prescrever medicações, quando necessário, que sejam também gratuitas e de fácil acesso. Caso o médico que a atenda receite uma medicação que necessite ser comprada converse com ele para que avalie a possibilidade de mudança para uma medicação que conste entre os medicamentos de acesso gratuito pelo SUS.

Em breve disponibilizaremos a listagem com o endereço dos CAPS adulto do Brasil neste site, por enquanto, sugerimos que caso necessitem e não saibam onde se localizam os CAPS, que procurem a unidade de saúde mais próxima de sua casa ou então a Secretaria Municipal de Saúde de sua cidade.

Também estamos por aqui para oferecer outras informações e indicações sobre o SUS e as possibilidades de acompanhamento público em saúde mental.