MERGULHAR NO ENIGMA RHS: NÓS NA REDE, REDE DE NÓS.

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redes-sociais.jpgMais uma vez, para quem ainda não me conhece por aqui, um comentário meu a um post será transformado em um novo post. Aliás, comentário que, a um post, se acopla a outro post, surgido quase junto, numa feliz ressonância. Posteres que, sem dúvida, tratando de assuntos diversos, se conversam numa tônica em que se namoram, flertando um com o outro.

Refiro-me a uma conversa em rede com o amigo Pablo Dias e já me apresso em referendar os posteres em questão:

1- https://redehumanizasus.net/92046-a-justa-dose-da-medida

2- https://redehumanizasus.net/92039-gestao-administracao-e-processos-de-trabalho-a-rhs-como-sala-de-aula-da-unb-e-encontros-incidentais-entre-fluxos-de-rhs-na

Acho que um terceiro, novinho em folha, pode ser considerado expressão deste encontro:

3-https://redehumanizasus.net/92049-nos-ventos-de-vida-na-rede-de-nos

O comentário em questão, resposta ao Pablo, pode bem ser considerado uma conversa com toda a rede RHS e, por isto, atrevo-me a trazê-lo para um post. Aí vai:

 A Máquina Expressiva do Sus, mais que expressão, é uma constatação de uma rede esquisitíssima como esta que, máquina do Estado, ainda sabe ser uma dobra para fora e constituir conversas possíveis, numa impossibilidade que, como diria Blanchot, está apara além do ser e do poder, numa impossibilidade através de um Neutro que, sem nenhuma neutralidade, nos faz desfilar  vozes que, sem estar atreladas a um discurso de verdade, constituiu uma verdade mutante que se constrói num discurso de Ninguém, sendo este o de uma rede, a la Ricardo Teixeira, de afetos/conversações.

Grande e querido Ricardo que faz das versações díspares um jeito próprio de, num com, tornar a comunicação uma ação de tornar comum, com todas as dificuldades inerentes de nossas insuficiências de discursantes e leitores.

Enfim, seguimos assim na direção de um outro que, sendo ninguém, incita a todos os alguéns a se fazerem expressivos, comunicantes e subjetivantes atores coletivo.

Acho que a missão de nossa época talvez seja esta, a de nos tornarmos algo além de Édipos encalacrados em seus umbigos e, ao mesmo tempo, não sermos seres pulverizados de uma comunicação que não comunica. Talvez estejamos aprendendo, ou procurando aprender, o que é, enfim, tornar comum na ação de falar: comunicação.

Enfim, estamos aqui, em nosso nomadismo que prescruta uma linha de fuga da expressão hegemônica.

A pobreza da experiência e o fim das narrativas, a la Walter Benjamim, talvez esteja nos convocando a todos para uma fala sem pessoas, sem pessoalidades, mas à paixão alegre de nos descobrirmos como heterogêneos seres expressivos que, olvidando-se como são, não alcançaram ainda uma expressão livre das pessoalidades, mas que, contudo, é nosso murmúrio exploratório de uma comunicação que seja realmente comum.

Naveguemos na rede amigos, ela é nosso ponto de encontro real, embora virtual, certos de que entre quase nadas e lampejos de coletividade, concretizamos nossa vocação de falantes e ouvintes.

Feliz reencontro este com todos vocês. Feliz conversa de Ninguéns que, como tal, esperam uma expressão mais impessoal que nos reconduza a sermos demiurgos expressivos de um mundo que não é e nunca será absolutamente nosso, mas que nos "mundifica" numa partilha transitória de mais que ser e querer ter, nos tornando poeira que partilha centelhas que, sem nós, faz de nós uma existência, fugaz, mas imprescindível.

Criemos, pois, nosso alfabeto de cumplicidade, irmanados na alegria desta rede aberta e afetiva entre pulos e sobressaltos, mas sobretudo, na vertigem nebulosa de ser, embora únicos,  ao mesmo tempo um ninguém que fala.

Precisamos, já provoquei o Ricardo Teixeira, nos debruçar sobre esta rede que, polifônica, acaba sendo a voz de todo mundo, na ressonância de um ninguém que nos habita e, contudo, nos faz um alguém que, necessariamente, fala e vive. Mais que viver, convive numa esquisita e parodoxal partilha de paixões alegres, ainda que, às vezes, numa tristeza de expressões para aquilo que, ainda que vivo, não encontramos voz.

Falemos pois e nos falemos. Mais, para além disto, procuremos entender, em conjunto, o que se manifesta quando, em rede, falamos para além de nós, escutamos para além de nossos ouvidos viciados.

Como ouvidos surdos, intentamos um ouvir sem órgãos, esparramado na pele que, mesmo que virtual, faz de nós um corpo, um corpo sem órgãos da expressividade, uma máquina expressiva do SUS e da vida.

Embora nessa difícil tarefa de mergulhar no enigma RHS, não para fazer dela um não-enigma, mas para nos enigmatizarmos num enigma vivo em que, sem nós, somos, ainda assim,  um nós impessoal. Nó de rede.

Sempre bom conversar com todos vocês, sempre bom ouvi-los sem voz. sempre um encontro alegre de navegantes da rede que, felizmente, se desfaz do que dizemos, nos dizendo de outro jeito e se dizendo sem nós, mas como sempre nó de rede.

Decifra-me ou te devoro!