A Doçura da Moda

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Já nos ensina Drumonnd que:

"É doce estar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser"
(Trecho do poema "Eu-Etiqueta")

Que sacrifícios teremos de fazer para estar na moda? Reduzir números do manequim? Alterar drasticamente as medidas a luz de um bisturi? Comer alimento insosso e sem graça e fingir que cuida da saúde?

Seios que aumentam…seios que diminuem…por que não inventaram ainda uma prótese inflável que faça os seios acompanharem o que dita a moda?

Ah, mas que bela indumentária…hum…mas a cor não combina. Veja o que diz a celebridade sobre a poesia dos sobretons. Uma echarpe deixa qualquer mulher elegante mesmo que ela espanque criancinhas.

Por favor, deixe eu entrever suas imperfeições. Desenhar paisagens lindas a sombra de sua celulite. Navegar pelas ondas de seus culotes  e submergir nas profundezas de suas estrias. Que doce musa seria seduzida por esse tipo de prosa?

Toda artificialidade é mais efêmera que a moda, ela mesma rainha que troca ministros ao bel prazer das necessidades do momento e que insufla cosméticos, brilhos e joias de vidro, submersa em sua intolerável variação de horrores com diz Wilde.

Teu cabelo é ruivo? Castanho? Amarelo? Azul? Pouco importa. Caso queiras, pinte um arco iris neles e chame isso de estilo. Todos saudarão a sua liberdade de expressão que exalta a indústria das tinturas de cabelo.

Emagreça! Emagreça! Torne-se escrava da balança. Tenha sua vida norteada pelo que as gramas lhe dizem. Chás! Fitoterápicos! Não esqueça da sibutramina que vale por uma cheiradinha de pó autorizada pela medicina.

Invista na beleza. Torne seu corpo uma escultura inspirada pela Vogue. Malhe…tome bomba…mais sibutramina, até que tudo se apague no dia que virou noite. Nesse lírico momento todos olharão para você em meio as flores e dirão: "que bela…parece viva!".