Expressão Cinésiorritmica: Exploração dos Movimentos, Sons e Ritmos para Promoção Interação Social na Saúde Mental

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Observando prejuízos decorrentes de enfermidades mentais como lentificação motora, falta de motivação, marchas dificultadas, falas em baixo tom, olhar sem foco, isolamento, falta de iniciativa, pensou-se em elaborar uma atividade que envolvesse o movimento e ritmo corporal. A partir dessa constatação, reflexões, estudos e parceria com uma renomada profissional de dança, que utiliza o movimento como forma terapêutica foi criada a Expressão Cinésiorritmica. Essa abordagem se utiliza da exploração corporal voltada ao autoconhecimento, estimulação do movimento criativo e a espontaneidade do corpo, envolvendo a união de várias técnicas corporais visando a integração do movimento, ritmo, dança e sons.

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O objetivo é oferecer um espaço de vivência e percepção corporal, com o uso de estruturas corporais pouco estimuladas. Também proporcionar integração social, física e mental, além de desenvolver nos pacientes o reconhecimento de cada estrutura do próprio corpo.

As atividades são conduzidas por terapeutas corporais, realizadas semanalmente por um período de 1 hora. O grupo atendido é formado por pacientes adultos com transtornos mentais graves vinculados ao Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IPq – HCFMUSP). A metodologia utiliza os movimentos corporais para explorar formas expressivas de trabalhar a respiração, uma vez que alguns sintomas são manifestados por meio de movimentos respiratórios. Durante as atividades são utilizados recursos como flexibilidade, coordenação, ritmo, equilíbrio, espaço e sons, para promover interação e socialização. Tal técnica tem como base os princípios desenvolvidos no método de Rudolf Laban, Wilhelm Reich e Alexander Lowen.

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O trabalho vem sendo desenvolvido há 2 anos, observa-se alterações comportamentais, emocionais e físicas: melhora da consciência corporal e espacial, mímica e expressões mais adequadas, interação social, melhora psicomotora e iniciativa. A alegria e o entusiasmo em participar dos grupos conduzem para a descoberta do “eu posso”. O ritmo e o movimento como ferramentas terapêuticas apresentam resultados benéficos para a saúde física e mental para essa população de pacientes. Os benefícios observados estão em constante evolução, a cada atividade os pacientes tem a oportunidade de se desenvolver de forma nova e particular. Com o aumento da autoestima, autonomia pessoal, e consciência corporal, ocorre um desbloqueio de sentimentos e pensamentos oprimidos e recorrentes, de modo que a capacidade de conduzir suas atividades da vida diária, passa a se fazer de maneira humanizada e acolhida, aliviando as sensações de medo e insegurança na relação com o outro, anteriormente impensadas. A mente e o corpo são únicos e atingem o progresso a partir da expansão da consciência, que deixa aflorar o potencial de cada indivíduo, fazendo emergir a análise de sua história de vida. É a partir daí que o trabalho corporal passa a ter, de fato, sentido no contexto terapêutico.

Autores: Maria Helena Ferreira do Nascimento, Neusa Hetsuko Kaneko Ueno, Yukiko Nishimori, Maria Helena Guimarães, Eni Ribeiro, Osvaldo Hakio Takeda

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