1º WEBESC – SEIS UNIVERSIDADES EM REDE PARA UMA CONVERSAÇÃO DE ALTO NÍVEL- comentários

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                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 images.jpg                                                                                                                   

Difícil avaliar a amplitude e a originalidade desta congregação que nos faz respirar e sentir que há algo de possível no ar. Não é o ideal, nem a panaceia que viria resolver nossos problemas de des-comunicação, numa era em que comunicar é mais que tática, é sobrevivência no poder.

Enfim, inventa-se uma nova forma de trabalhar, ainda fora do tempo cronológico do trabalho (ainda existirá este tempo?), mas que faz se congregarem,  ainda que de forma desigual, sujeitos com vozes ativas e sujeitos com vozes escriturais, que fazem de suas vozes uma questão de outras que a resolvam ler. Mas ler e dizer não é a mesma coisa.

Enfim, não é o ideal, mas é o possível bem vindo de uma iniciativa que começa muito bem e que, felizmente, congrega aqueles que, trabalhando sempre, ousam ao menos trabalhar, fora do trabalho, por algo que, a meu ver, vem do desejo de compartilhar e conspirar.

Respiramos juntos, juntos podemos manifestar ansiedades e incômodos que nos incomodam, não só do ponto de um encontro virtual, mas ali, no dia a dia em que capitaneamos formas de possíveis que, muitas vezes até se fazem, mas ainda não têm a potência de transformar isto em processo de trabalho.

No meio do sempre sem tempo do trabalho para pode trabalhar, alguns ainda dispõem seu tempo para pensar o trabalho, não porque sejam viciados em trabalho, mas por entenderem que o trabalho que nos conclama, enquanto cuidadores, não tem um tempo e uma métrica que possam ser comportados dentro de uma Organização Científica do Trabalho e precisam de um tempo para se afirmar enquanto trabalho que merece o qualificativo de vivo.

Não somos loucos visionários, nem românticos incorrigíveis, somos apenas operários que se descobrem um operador de mundos possíveis em que, formar uma comunidade, criar um povo por vir, ainda é uma utopia, atopia e distopia que nos irmana não como aqueles que querem ser os certinhos e bem adaptados reconhecidos, mas aqueles que sabem que o certo sempre vagueia entre incertezas que faz de todos nós operários que operam um funcionar público que nos conclama a sair de qualquer possibilidade de ter certeza. Somos incertezas em construção de novos problemas, certos de que a vida não é adaptativa e conformista, mas normativa.

Enfim, longe de uma idealidade disciplinar e científica, neste evento construímos um in-disciplinar modo de estarmos juntos e discutirmos juntos coisas que deveriam importar e que importam à organização dos processos de trabalho, mas que, por falta de tempo, fazem de todos nós administradores de uma pobreza vital e nos obstaculiza a dimensão, sempre presente, mas negada, de sermos gestores e desejadores do nosso próprio trabalho. Nos transformamos, assim, em meros executores e despotencializados como vivos em meio aos vivos.

Enfim, trabalhadores, formadores e formados ousam, na indisciplinar e rigorosa disciplina do desafio real do cotidiano, se juntarem para serem todos seres expressivos, cooperativos e comunicantes de um possível que, ainda que virtual e limitante, nos ilimita como reais pontos de redes que se querem vívidos.

Parabéns RHS, parabéns universidades presentes, parabéns Susistas velhos e em formação. Somos todos minhocas da terra, sabendo que os territórios são múltiplos e que todos portam linhas de desterritorialização para as territorialidades entendiantes que todos nós já sabemos e sentimos como intoleráveis. Desconfiamos do pronto, não pelo desejo de ser diferentes, mas porque compreendemos que a diferença não pode e não deve ser reduzida a algo ideal, pois não existe síntese, o que existe, persiste e insiste é a construção comum nunca dado de todo. Comum que não nos faz homogêneos e iguala, mas nos faz a todos apenas mais um dos propositores, sempre a caminho do comum.

Acho que estamos, em conjunto, inventando formas e dispositivos de realizar e afirmar os verbos da vida como algo vívido e vivível e, não, formas zumbis de, entre mendicâncias e 'medicâncias', nos acostumarmos e nos resignarmos como aqueles que sobrevivem e devem, por imposição, se afirmarem como os felizes, ainda que através dos adendos farmacológicos e ávidos e babantes por um salário que nos mantenha sobreviventes.

Drogados sem drogas de mais-valia, acho que não somos felizes nem infelizes, somos protagonistas de um felicitar-se com vivos e encontros de vivos. Atopia de um rigor imposto que nos faz rigorosos construtores de uma ética de uma vida a se definir coletivamente e não imposta como única vida possível.

Enfim, não é uma derrocada de poderes e prescrições o que queremos, não é certamente um oba oba de vale qualquer coisa. Mais um vale a coisa que nos faz valer como pessoas que fazem valer as coisas e pessoas como pessoas, numa valência sempre múltipla e multiplicante.

Estamos a caminho, inventando formas de cartografar o caminho, construindo fluxos e não metrificá-lo numa frieza de mármore enregelante.

Enfim, me senti vivo nesta experimentação inquietante e instigante.

Continuemos…