Racismo não, queremos respeito

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                                                             Foto extraída do facebook

20 de Novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. Uma data que inspira muitas reflexões e desperta a consciência para o respeito ao negro, independente de classe social, de gênero, de opção sexual, etc.

Atendendo a convocação do Allan, um usuário da RHS, para  publicação de um post relatando casos de violência contra o negro, em homenagem a data, trago esta publicação com alguns episódios que revelam a discriminação racial na nossa sociedade contra essa população.

Embora o tema tenha conquistado um certo destaque nos últimos anos, numa perspectiva de conscientização, mesmo assim, as pessoas negras ainda são alvo de atos de violência e de manifestações discriminatórias em vários contextos: no trabalho, no esporte, nas redes sociais, dentre outros.

De acordo com um relatório apresentado na audiência pública na CPI que investiga o assunto no Brasil, mais de 70% dos homicídios ocorridos no país são contra jovens negros. No mesmo estudo, 65% de policiais entrevistados admitiram que pretos e pardos são priorizados nas abordagens realizadas.
No cenário do esporte, as atitudes racistas têm assumido proporções assustadoras. Quem não lembra do goleiro Aranha, do Santos, que foi chamado de “macaco” pela torcedora gremista Patrícia Moreira e por outros torcedores do clube durante um jogo? Outro caso de racismo muito marcante foi o que aconteceu com  Paulão, zagueiro do Espanhol Betis, que  vaiado por sua própria torcida, e que imitava um macaco durante um jogo em que seu time perdia, o jogador saiu do campo aos prantos.

E tratando-se do gênero feminino, a violência é muito mais evidenciada. Um estudo do IPEA sobre assassinato de mulheres revela que no Brasil, entre 2001 e 2011, ocorreram mais de 50.000 feminicídios. Segundo o estudo, mais da metade dos óbitos foram de mulheres jovens de 20 a 39 anos. Desse total de mortes, 61% foram de mulheres negras, o que fica caracterizada a violência perversa contra os negros, e sobretudo contra as mulheres.

É inaceitável que uma sociedade com tantos avanços tecnológicos de informação e comunicação, ainda perdure uma população com atitudes racistas como as destacadas.

As pessoas precisam se conscientizar que negros, pardos, brancos, indígenas são todos cidadãos e precisam ser respeitados igualmente. O racismo é crime e combatê-lo é uma necessidade urgente!

Compartilho o poema da Victória Santa Cruz!

Me gritaram negra

(Victoria Santa Cruz) *

Tinha sete anos apenas,
apenas sete anos,
Que sete anos!
Não chegava nem a cinco!
De repente umas vozes na rua
me gritaram Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra!
“Por acaso sou negra?” – me disse
SIM!
“Que coisa é ser negra?”
Negra!
E eu não sabia a triste verdade que aquilo escondia.
Negra!
E me senti negra,
Negra!
Como eles diziam
Negra!
E retrocedi
Negra!
Como eles queriam
Negra!
E odiei meus cabelos e meus lábios grossos
e mirei apenada minha carne tostada
E retrocedi
Negra!
E retrocedi . . .
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Neeegra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
E passava o tempo,
e sempre amargurada
Continuava levando nas minhas costas
minha pesada carga
E como pesava!…
Alisei o cabelo,
Passei pó na cara,
e entre minhas entranhas sempre ressoava a mesma palavra
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Neeegra!
Até que um dia que retrocedia , retrocedia e que ia cair
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra!
E daí?
E daí?
Negra!
Sim
Negra!
Sou
Negra!
Negra
Negra!
Negra sou
Negra!
Sim
Negra!
Sou
Negra!
Negra
Negra!
Negra sou
De hoje em diante não quero
alisar meu cabelo
Não quero
E vou rir daqueles,
que por evitar – segundo eles –
que por evitar-nos algum dissabor
Chamam aos negros de gente de cor
E de que cor!
NEGRA
E como soa lindo!
NEGRO
E que ritmo tem!
Negro Negro Negro Negro
Negro Negro Negro Negro
Negro Negro Negro Negro
Negro Negro Negro
Afinal
Afinal compreendi
AFINAL
Já não retrocedo
AFINAL
E avanço segura
AFINAL
Avanço e espero
AFINAL
E bendigo aos céus porque quis Deus
que negro azeviche fosse minha cor
E já compreendi
AFINAL
Já tenho a chave!
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO
Negra sou!

*Victótia Eugênia Santa Cruz Gamarra é compositora, coreógrafa e desenhista, expoente da arte afroperuana