Protocolo Manchester

14 votos

protocolo-de-manchester-2.jpg

No final da década de 80, quando nascia constitucionalmente o SUS, alguns dos países como Canadá e Reino Unido já haviam universalizado seus sistemas de saúde que propunham uma inversão do modelo de atenção à saúde, aprofundando a tendência de reforço do primeiro nível de atenção, como sustentação de uma estratégia que redefinia a vinculação dos pacientes no sistema, não mais nos locais de atenção de pacientes agudos, como os hospitais e sim num acompanhamento horizontal e de longo prazo por parte, principalmente, de uma equipe multidisciplinar no primeiro nível de atenção.
Sabemos que, essa discussão de redes na área de saúde é antiga, mas, de 15 anos para cá há uma maior pressão em relação à discussão de redes de atenção, justamente devido à mudança ocorrida no perfil demográfico da população, que hoje vive mais, mas, também, têm mais propensão ao desenvolvimento de doenças crônicas, como o diabetes, as doenças cardiovasculares e o câncer. O modelo de organização dos sistemas de saúde atual não responde adequadamente a estas doenças, já que se baseia em um modelo equivocado de premissas extemporâneas e a solução para este problema não é pontual ou local, mas sistêmica. As pessoas que se espremem para tentar entrar num pronto socorro apresentam, em 90% das vezes, agudizações de problemas crônicos.
Então, a adoção do protocolo de Manchester (triagem de classificação de risco) veio como um poderoso instrumento para iniciar um processo de gestão em estruturas desorganizadas, como os hospitais de urgência de modo a proporcionar a mudança do modelo de atenção do sistema de saúde. Isto significa adotar um modelo que privilegie a atenção primária, não a atenção ”básica” praticada em nosso país, que se configura como um pacote, uma cesta básica de serviços não eficazes, mas, uma nova atenção primária, resolutiva e forte que se torna o centro de comunicação e o alicerce mais importante de uma rede integrada de serviços de saúde gerando, assim, um processo de qualidade e, no momento pós-triagem, uma possibilidade de estabelecer fluxos pactuados e mais seguros para as pessoas, diferentemente da variabilidade caótica e pouco eficaz que se vê nos pontos de atenção às urgências nos sistemas de saúde atuais.