Sobre evolução ou extinção: O futuro do capitalismo e da humanidade.

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Consideremos nossa sociedade como um sistema fechado, por pelo menos o tempo de existência da civilização que conhecemos. Percebemos que a geração de abundância elimina o mercado de trocas.

Pensemos nos 21%de oxigênio existentes na atmosfera terrestre ao nível do mar. Se não ocorrer uma alteração, para mais ou menos, nessa dada proporção de gases atmosférico não teremos um mercado de trocas de oxigênio.

Combustíveis não são tão abundantes quanto o oxigênio. Nesse caso há um mercado de trocas de energia por alimentos e alimentos por energia, através do uso das diversas moedas no mercado internacional.

Essa escassez em relação a demanda é constante. Quanto mais energia obtemos pelo acúmulo de conhecimento, mais as populações e o consumo de energia aumentam.

Essa relação deficitária entre disponibilidade e demanda por energia é a razão da existência da geopolítica das nações e das guerras entre países que detém os recursos e aqueles que possuem tecnologias militares que necessitam de, bingo, energia. A civilização humana é especialmente vulnerável a essa forma de escassez.

Os detentores de capital monetário não costumam investir na produção de abundância de recursos. Em grande parte a concentração de capital monetário depende da escassez ou da expectativa de escassez de um determinado bem – gasolina, água ou cereais, por exemplo.

Mas a economia de escala permite que, tendo recursos energéticos suficientes, o custo marginal de um bem tenda para zero.

Pensemos numa tecnologia de transporte com um custo energético que seja, para efeitos práticos, tão abundante quanto o oxigênio. Estando a energia disponível e a tecnologia avançada o suficiente para otimizar as formas de uso desse manancial energético, o custo de uso de uma Ferrari ou de um Boeing cai para zero.

Afinal, a questão passa a ser se deslocar e não possuir algo exclusivamente.

Do mesmo modo que não faz sentido estocar ou ostentar poder usar mais oxigênio do que é necessário para estar vivo. Tendo oxigênio o que importa é viver. Tendo meio de transporte eficiente o que importa e ir onde de se queira ou precise e não a marca ou a potência de seu automóvel.

Por isso, acredito que algumas formas de mercados de troca, especialmente o chamado capital monetário, o próprio capitalismo e com ele nosso modo de vida devem desaparecer.

Seja por extinção ou evolução, alguns acham que tanto faz, evoluir e extinguir seriam a mesma coisa.

O fato é que a escassez de fontes energéticas pode nos levar a uma apocalíptica extinção como a descrita no livro “A Estrada” de Cormac McCarthy.

Ou, de modo oposto, levar ao desenvolvimento tecnológico capaz de nos emancipar da era da escassez, da miséria e da crueldade.

O conjunto dos homens obstinados em saciar nossa fome por conhecimento, como Newton, Einstein, Rutherford, todos, desde os pré-socráticos – nossa inteligência coletiva – poderia nos levar a um mundo de abundância de recursos em que mercados monetários deixem de existir?

Não é impossível.

A questão é se, sem a selvagem luta pela sobrevivência que nos caracteriza desde o surgimento da espécie humana, ainda nos consideraremos gente. Ou se, então, estaremos tão distantes do que somos agora, quanto já estamos do australopitecos.