Inteligência Global Coletiva e Educação.

8 votos

 

O mundo dos significados e signos está abalado. A gramática das relações sociais caminha no rumo de uma singularidade. Em física teórica singularidade é o ponto onde a densidade tende para o infinito. Os conceitos de tempo e espaço deixam de existir. Na linguagem, singularidade seria onde todo o entendimento fica em suspensão. Pois a densidade infinita é impermeável a qualquer medida.

O mundo mudou mais nos últimos 30 anos do que em toda a história humana. Estamos no limiar de uma mudança que só tem paralelo com o advento da linguagem oral, há centenas de milhares de anos e com o surgimento da escrita, cerca de 10 mil anos atrás.

O caráter marcante e dramático desse admirável mundo novo é ele já não ser igual a ele mesmo a cada três ou cinco anos.

O mundo novo da internet já não é o mesmo de seu início, nos anos 90. O mundo das redes sociais já não é o mesmo da época do Orkut. O mundo do Facebook já não é igual a ele mesmo, como era antes da popularização quase imediata dos Smartphones.

Adolescentes de 15 a 25 anos já podem falar de sua infância como um mundo esquecido. No ocidente, as crianças não habitam a mesma paisagem humana de seus pais. As cidades, parte de suas ruas e bairros, as normas constitucionais ainda permanecem, não porque sejam exatamente as mesmas, mas por mudarem mais lentamente.

Embora centenas de milhões de pessoas ainda vivam de modo tradicional no Oriente e na África, dificilmente elas não serão impactadas. China, Índia e países menores na Ásia já embarcaram na roda viva da revolução da inteligência global.

Tem havido muitas dificuldades de se produzir politicas publicas educacionais (no mundo, mas especialmente nos países em desenvolvimento) para dar conta desse processo de mudança. Isso tem gerado uma crise de ausência de adultos de referência e profissionais da educação que sejam capazes de elaborar empatia para com uma geração de alunos engajados em novas formas de relações sociais.

Sempre que pensarmos na quase ubiquidade dos diagnósticos de múltiplas e crônicas formas de sofrimento psíquico nas sociedades contemporâneas, temos que lembrar o quanto as mudanças são tão comuns, quanto difíceis para os seres humanos. Isso vale para cada um de nós, nas vivências quotidianas, mas também para as sociedades e suas estruturas de coesão e relações sociais.

As rupturas com ordens tradicionais não podem ser contidas por um reacionarismo atávico. Do mesmo modo que as críticas dos monges copistas a máquina de impressão de livros de Gutemberg, nosso saudosismo do modelo educacional da era pré-internet não vai impedir o uso de Smartphones e motores de busca como o Google.

O desafio não é voltar aos modelos tradicionais de educação. Nosso objetivo deve ser o de encontrar a legitimidade da relação entre docente e discente, professor e aluno nas condições sociais surgidas da revolução tecnológica permanente na qual vivemos e seguiremos vivendo no futuro próximo.