Entre as muitas atividades que fizeram parte da programação do 5º Congresso Brasileiro de Saúde Mental, destacarei neste relato a Mesa Redonda sobre a Terapia Ocupacional na Saúde Mental que contou com a presença dos Terapêutas Ocupacionais Lucivaldo Araújo da Universidade Estadual do Pará, Bruna Taño da Ufscar e integrante do Projeto Refazenda e Ana Lúcia Alves Urbanski, sendo esta última a Coordenadora do CAPS III 24 horas dê-Lírios em Joinville-SC.
O público que assistiu esta mesa redonda era majoritariamente formado por Terapeutas Ocupacionais ou estudantes universitários da mesma área e apesar dos 03 palestrantes atuarem em espaços distintos, indo da Academia até a prática cotidiana dentro de um CAPS, suas falas convergiam para o papel político do T.O na saúde mental.
É complicado falar sobre política num momento em que a própria Reforma Psiquiátrica Brasileira enfrenta ameaças constantes de retrocesso.
Lucivaldo abriu a fala dando uma aula aos presentes sobre o porque se realizam algumas atividades como pintura, música, poesia e seu impacto terapêutico junto ao sujeito que se dá pela linguagem.
Bruna fez a fala mais política e energética dentre os convidados da mesa, se opondo a qualquer forma de discriminação, preconceito, retrocesso e precarização dos serviços públicos, pontuando inclusive a importância da discussão de gênero em saúde mental.
Ana Lúcia Alves Urbanski, exibiu um vídeo com diversas atividades realizadas no CAPS III de Joinville e pontuou alguns episódios de sua vivência enquanto coordenadora de um serviço substitutivo que funciona 24 horas por dia, aproximando a teoria e a realidade da terapia ocupacional em saúde mental.
Depois foi aberto um debate com os presentes que durou cerca de uma hora. O grupo mostrava-se muito feliz pela oportunidade de trocar experiências com tantos colegas de profissão.
Lucivaldo, um dos convidados da mesa, dispara uma pergunta para minha mãe e depois para mim:
“O que moveu vocês para esta conversa sobre Terapia Ocupacional em Saúde Mental?”
Entre lágrimas minha mãe fez uso da palavra para agradecer o trabalho da Ana Lúcia Alves Urbanski relatando alguns fatos da minha história.
Eu também respondi depois e agradeci a Ana mais uma vez. Como também fiz questão de frizar que entre os profissionais de saúde mental :
“Eu prefiro as Terapeutas Ocupacionais”
Depois disso, minha mãe que se sentia um pouco deslocada no congresso me disse:
Agora eu sei porque viemos aqui! Tudo tem um motivo.
No 5ºCBSM da Abrasme eu pude re-encontrar grandes nomes da Luta Antimanicomial como Léo Pinho e Tikanori … comprei alguns livros que preciso arrumar tempo para ler e vivi momentos alegres ao lado de amigas como a Milena Mery, Luciane Leite Grossklags, e Dipaula Minotto.
Termino esta postagem com um relato da Luciane Leite Grossklags
Escuta… Acolhe… Cuidar do outro faz bem!!! Com essa música encerra-se mais um Congresso Brasileiro de Saúde Mental… Protestamos, fomos para rua, invadimos o teatro principal, cantamos, dramatizamos o teatro do oprimido, discutimos processos de trabalho, fomos provocados a pensar sobre essa sociedade que tanto nos assusta… e por fim voltamos para casa com aquela inquietação de que “dá para fazer”… Que existe outras formas de cuidar… e que Manicômios nunca mais!!!
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Olá Raphael,
Agradecemos o relato sobre os trabalhos do Congresso no que tange às práticas da Terapia Ocupacional, “pedaço” do trabalho com a saúde mental que também me encanta por fazer uma interface mais próxima com a arte.
Seguimos nas potências!
Iza