Atenção Hospitalar – Implantação da Humanização e a quebra com o modelo vigente

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A saúde coletiva tem trazido grandes reflexões sobre o modelo de atenção vigente no SUS.

A Atenção Hospitalar hoje é voltada para técnicas assistenciais fragmentadas, voltada para a cura de doenças, centrada em procedimentos, modelo pensado no hospital e não nos usuários, ou seja, o usuário é que tem que se adaptar ao serviço e não o contrário, promovendo uma participação passiva e subordinada. É um modelo individualista, pensado na biologia, na cura, no mercado e não na efetivação da saúde das pessoas.  O Modelo trabalha com o “queixa-conduta”, ao invés de se criar ações para que previna-se antes do paciente ficar doente, pensa-se somente em responder aos sintomas com medicamentos.

Esse modelo tem pouca interação com o usuário e é automatizado. O paciente ao entrar em contato com o serviço em uma consulta, por exemplo, o médico irá saber o motivo da visita, e receitará a cura para o sintoma, entretanto, a causa muitas vezes passa desapercebida. Exemplo: um paciente de uma região carente têm crianças que se alimentação das sobras de alimentos da feira local e tem diarréia toda semana. O médico ao atender pergunta qual o sintoma e já define o tratamento, para a diarréia. Semana que vem a criança volta, e na outra e na outra. Sabe por quê? Por que se o médico não entender a que exposição a criança está envolvida, ele não poderá incentivar os pais a cuidarem da causa diminuindo os efeitos. Isso acontece porque esse sistema negligência a prevenção e promoção da saúde e não leva em conta os determinantes sociais. Baseia-se na entrega de procedimentos aumentando a dependência de serviços por parto do usuário.

Humanização da Atenção Hospitalar

Em 2013 foi publicada a Portaria N 3.390 de 30 de Dezembro, que institui a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP), que trata sobre a organização da Atenção Hospitalar, diretrizes para o mesmo ser incluída nas redes de atenção à Saúde (RAS). É uma portaria bastante humanizada pensando em romper com o modelo atual, trazendo como diretrizes: acesso universal, regionalização, continuidade do cuidado, dentre outros. O inciso VI diz que a Atenção deve ser humanizada em consonância com a Política Nacional de Humanização.

Essa quebra significa o investimento na colocação do ser humano como valor e acima de todas as outras coisas. Os dois principais desafios em relação aos serviços hospitalares são: relacionamento dos usuários com os profissionais da saúde e o acesso aos serviços.

A humanização quer trazer de volta o valor de uma relação saudável e o usuário ser bem tratado. Ele terá acesso aos serviços, será ouvido, cuidado e amparado.

A Política Nacional de Humanização instituída em 2003 tem como objetivo mudar a forma de gerir e cuidar, isto é, melhorando a relação entre gestores e profissionais, dando autonomia, aumentando a comunicação e relações de trabalho, diminuição das relações de poder e hierarquia. Alem de criar co-responsabilidade entre os profissionais e os usuários no cuidado de si.

A busca pela melhora da Atenção se dá na instituição da Humanização, aumentando a qualidade dos serviços, eficiência e atuação em redes.

Parto Humanizado

Um bom exemplo sobre a quebra desse modelo é o “parto humanizado”. As mulheres têm sofrido com procedimentos invasivos e muitas desnecessários, tanto com a mãe quanto ao bebê. O modelo atual, pensado no quantitativo transformou o parto em trauma para muitas mulheres. Violência obstrética, assédio moral são as principais queixas, alem da valorização do parto cesáreo que é mercantilizado. É mais aceito hoje, pois potencializa a escolha do médico de fazer o parto por sua conveniência, e fazer vários por dia. Quem sofre são as gestantes que passam por traumas e os bebês que são retirados sem nem estar maduros.

Para se entender a gravidade, o Conselho Federal de Medicina teve que criar uma resolução afirmando que o parto cesáreo só poderá ser feito após 39 semanas (antes 37) para se evitar a retirada de bebês prematuros.

Alem disso, a Humanização do parto, prevê: acompanhante para a gestante, valorização do parto natural, primeira interação da mãe com o bebê logo após o nascimento, carinho por parte dos profissionais, resumindo,trazendo de volta a relação humana como base para um bom serviço.

Por fim, para a efetivação do SUS, o modelo precisa ser melhorado e humanizado, promovendo mais cuidado e saúde para a população, preconizando uma atenção maior com relação saudáveis.

Fontes:

Modelo vigente do SUS: https://www.diagnosticoweb.com.br/noticias/gestao/sus-25-anos-e-preciso-mudar-as-praticas-que-configuram-o-modelo-dominante.html

Humanização da Assistência: https://hc.fm.usp.br/humaniza/pdf/livro/livro_dra_inaia_Humanizacao_nos_Hospitais_do_Brasil.pdf