HumanizaSUS e Reforma Psiquiátrica

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O artigo Humanização e reforma psiquiátrica: a radicalidade ética em defesa da vida, das autoras Ana Rita Castro e Rosemeire Silva nos remete a uma reflexão sobre o fortalecimento dos laços entre Políticas de Humanização (HumanizaSUS) e a Política de Saúde e os novos desafios que o SUS enfrenta nos cenários que se apresentam com a elaboração de políticas públicas sobre drogas e rede de atenção psicossocial. A reforma psiquiátrica e as políticas de humanização estão interligadas nas responsabilidades éticas de defesa da vida. Na humanização do cuidado e gestão SUS, se trata entre outros, das ações antimanicomial, derrubando muros, onde se busca a liberdade e defesa dos direitos e dignidade de pessoas com sofrimento psíquico. A PNH ou HumanizaSUS surgiu em 2003 para o fortalecimento do SUS, onde se preocupou em criar um sistema público de saúde universal e igualitário. Para transformar esses modelos de atenção e gestão, seguem três princípios: 1- Indissociabilidade entre atenção e gestão (as alterações feitas no cuidado são inseparáveis das alterações de gerir, clínica e políticas não podem ser reparadas, bem como produção de saúde e de sujeito); 2- Transversalidade ( transformar a maneira de se comunicar e se relacionar entre os sujeitos, rompendo fronteiras de saberes, maneiras já instituídas de gestão, processos de trabalho e territórios de poder); 3- Autonomia e corresponsabilidade do sujeito e coletivo. A PNH também traz a tríplice inclusão, relacionada a clínica ampliada, valorização da saúde do trabalhador, acolhimento, defesa dos direitos dos usuários, entre outros. Ao lembrar que as pessoas necessitam de apoio social e solidariedade, vale ressaltar a importância da humanização e da reforma psiquiátrica com a desconstrução do manicômio no contexto de construção do SUS. Onde se desestrutura o que legitimou o manicômio, produzindo novas subjetividades e relações entre os sujeitos que se encontram em cuidado na saúde mental. Com a reforma psiquiátrica se desconstruiu a mais dura segregação manicomial, onde as pessoas viviam enclausuradas em total abandono, sendo apenas objetos de saber, sendo destituídos de dignidade. Com esta reforma se rompe com os estigmas das técnicas especializadas, inserindo nos debates o lugar social da loucura, sendo um problema da democracia e não restrito às profissões ou especialistas. A Política de Saúde Mental de Belo Horizonte foi agraciada em 2004 com o prêmio HumanizaSUS Davi Capistrano Filho, o qual foi um batalhador contra todas as formas de miséria e construtor do tema direito à saúde. Com a luta antimanicomial se concluiu que a humanização é a melhor ação do cuidado, pois loucura e drogadição são experiências eminentemente humanas. Com esta luta se rompeu com práticas violentas e autoritárias, implementando uma nova política, sendo esta comprometida com o alívio do sofrimento humano e indo em defesa da vida. Apesar de ainda existir certos preconceitos na percepção social da loucura, não se pode ignorar as transformações que as ações antimanicomiais realizaram. Na saúde mental se busca uma política que assuma a busca da autonomia e protagonismo do sujeito. Nestas questões ser humanizado significa mais do que ser gentil e respeitoso com o próximo, mas sim manter uma prática clínica comprometida. É preciso reconhecer o outro como um ser igual a mim, quando a saúde se humaniza se conclui que a busca pelo alívio da dor é uma arte e também um instrumento para novos modos de ser e existir. Acredita-se que o presente artigo nos traga uma boa compreensão das questões sobre humanização e reforma psiquiátrica, sendo que, aborda de maneira coerente tais questões. Entende-se que a construção desse processo foi possível pela evolução social, cultural e uma formação profissional mais eficaz. Conforme a lei 8080, onde se preconiza a incorporação de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, onde esta deixa de ser centrada na doença, visando um novo modelo de atenção em saúde. Tendo em vista que a saúde é algo amplo e definido como um fator que resulta de boas condições de moradia, alimentação, educação, trabalho, renda, lazer, meio ambiente, transporte, liberdade e acesso aos serviços de saúde, concluindo assim que saúde não é só ausência de doença, mas sim, qualidade de vida.