Doenças reumáticas dentro da sala de aula e mercado de trabalho, é possível?

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A educação hoje é um dos principais pilares para se ter uma garantia de estabilidade financeira e espaço dentro do mercado de trabalho. Pessoas com doenças reumáticas não podem ficar de fora. É preciso estudar, se capacitar, se reabilitar e ter conhecimento de todos os seus direitos de pessoa e paciente dentro da sociedade.

Alguma vezes as dificuldades podem começar desde a infância. Todos os anos cada vez mais crianças são diagnosticadas com alguma doença reumática. A cada 100 crianças, apenas 2 vão à consulta médica com queixas de dores articulares.  Uma criança chega a consultar com até 4 especialistas diferentes até chegar a um diagnóstico definitivo. Mas após o diagnóstico, como retorna essa criança à sua rotina escolar?

A criança fica confusa com o seu imprevisível estado físico. Existe um grande preconceito por parte dos colegas de sala, e às vezes até mesmo do educador, em acreditar que aquela criança pode estar mentindo ou fazendo corpo mole para não executar suas tarefas em sala de aula. Mas a grande verdade é que crianças com artrite querem ser exatamente iguais as outras crianças. Tentam ignorar e esconder suas dores e limitações, por vergonha e medo de sofrer algum tipo de bullying.

Quando chega a adolescência as coisas ficam mais difíceis. Muitas vezes acontece a revolta do jovem com artrite. Começam os questionamentos, porque comigo? porque não posso fazer isso ou aquilo? Muitas vezes os pais são super protetores e tentam preservar o seu filho o máximo que conseguem. Mas na verdade esse jovem tem de se preparar para um futuro de possíveis limitações. A artrite pode até nos deixar em um ritmo mais lento, mas ela não pode nos parar. Dentro de sua limitação, uma criança e um adolescente com AR ou qualquer outra doença reumática, pode fazer o que qualquer pessoa saudável faria. Sempre respeitando seus limites e sabendo a hora de fazer uma pausa ou até mesmo parar e descansar.

Hoje existem muitas ferramentas que possibilitam a pessoa com doença crônica de ter uma qualificação profissional e até mesmo ingresso dentro de empresas que reservam vagas para que essas pessoas tenham oportunidades. Porém muitas vagas PCD não conseguem ser preenchidas porque geralmente é preciso ter nível superior, especialização, entre outros requisitos. Mas como a pessoa com doença crônica pode se encaixar nesse perfil?Todos com alguma limitação ou doença crônica sabem o quanto é difícil conciliar vida pessoal, vida financeira, rotina de tratamento e acrescentar também a educação. Geralmente a educação é o que vai ficando de lado no dia a dia.

Por onde começar?
Como mencionado acima existem alguma ferramentas que possibilitam o acesso à educação de forma adaptada e que não sobrecarregue o paciente no seu dia a dia, algumas delas são:

  • ENCCEJA
  • Graduação EAD

ENCCEJA: É o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos que tem por objetivo certificar o ensino para pessoas que não concluíram a Educação Básica na idade certa. Ou seja, se você teve de interromper seus estudos, seja pela gravidade da doença ou qualquer outro motivo, essa é a sua oportunidade de concluir o ensino básico e o ensino médio. Acontece uma vez ao ano, você se inscreve, estuda em casa as matérias e realiza a prova no dia determinado pela instituição. Neste ano o ENCCEJA acontecerá no dia 19 de novembro em todo o Brasil.

Graduação EAD: Fazer uma faculdade à distancia pode ser uma opção para quem não consegue enfrentar uma rotina de estudos diários, não consegue se deslocar e passar várias horas sentado escrevendo. Muitas faculdades já possuem essa modalidade com aulas presenciais geralmente uma vez na semana ou ao mês dependendo da graduação escolhida.

Consegui o meu diploma e agora?
Após vencer a barreira educacional e conseguir o seu diploma na profissão escolhida, você pode concorrer a concursos públicos pela lei de cotas, ingressar em empresas privadas através de vagas PCD ou dependendo da sua formação, pode até abrir o próprio negócio!

O importante é ter um laudo médico especifico informando todas as suas limitações. O laudo deve informar o CID¹ correto da sua doença e o CIF².

Alguns sites como o Catho, permitem que você envie o seu laudo médico e tenha assinatura e acesso gratuito as vagas PCD disponíveis, isso é uma vantagem para quem está procurando emprego PCD e não sabe por onde começar.

Sentiu -se motivado à retomar os estudos? Se já os concluiu como foi sua experiência? Comente na publicação e motive outras pessoas!

Texto escrito por: Dayane Ferreira de Melo – Compartilhando a AR

 

Referências:

https://www.reumatousp.med.br/para-pacientes.php?id=10553327&idSecao=18294311

https://www.reumatologia.org.br/pacientes/orientacoes-ao-paciente/quando-voce-tiver-um-aluno-com-artrite- reumatoide-juvenil/

¹CID é utilizado por médicos, outros profissionais de saúde, pesquisadores e gestores em saúde, empresas, seguros de saúde e organizações de pacientes, para classificar doenças e problemas em saúde nos registros em saúde.

²CIF é uma classificação da saúde e dos estados relacionados com a saúde, também é utilizada por sectores, tais como, seguros, segurança social, trabalho, educação, economia, política social, desenvolvimento de políticas e de legislação em geral e alterações ambientais. Por estes motivos foi aceite como uma das classificações sociais das Nações Unidas, sendo mencionada e estando incorporada nas Normas Padronizadas para a Igualdade de Oportunidades para Pessoas com Incapacidades . Assim, a CIF constitui um instrumento apropriado para o desenvolvimento de legislação internacional sobre os direitos humanos bem como de legislação a nível nacional.